14/09/2025 - 12:00
Em um ano de 2025 de melhora expressiva na performance e de continuidade no turnaround da empresa, a Espaçolaser ainda sustenta uma fatia maior de lojas próprias do que franquias, contudo o percentual e a representatividade tem mudado de tamanho nos últimos anos, com um salto de mais de 80% no volume de lojas franqueadas de 2021 até 2024 e uma representatividade que saiu de 18% para 30% no mesmo período.
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Geralmente companhias de franquias possuem um volume pequeno ou nulo de lojas próprias e operam com a esmagadora maioria das unidades sendo de franquias, ao passo que a Espaçolaser opera na lógica reversa.
Segundo a CEO, Magali Leite, o modelo faz sentido para empresa e a gestão tem garantido que o padrão de qualidade seja mantido independentemente do tipo da unidade.
“Temos uma relação de 60% de lojas próprias e a gente se estabeleceu dessa forma e vem evoluindo aos poucos o aumento da nossa base de franqueados. A gente acha que é uma via de crescimento importante porque o franqueado da Espaço vem operar com o mesmo padrão de loja própria. Então não existe diferença entre o que o serviço que a gente oferece e uma loja própria e uma loja franqueada”, explica.
“Temos uma margem muito importante, muito interessante, que a gente extrai do negócio de franquias também. Então, é uma combinação de margens bastante saudáveis que vem fazendo com que a companhia continue crescendo, gerando resultado e tenha e esse movimento de maior atratividade para investidores”, conclui.
A companhia encerrou o ano de 2024 com 806 lojas no Brasil, sendo 562 lojas próprias e 244 franquias. Essa distribuição é significativamente diferente de anos atrás.
Como exemplo, em 2021 a companhia somava 729 lojas no Brasil, sendo 596 lojas próprias e apenas 133 franquias. Ou seja, o número de franquias saltou 83,5% de 2021 para 2024.
Dados do segundo trimestre de 2025 mostram que a companhia possui ainda um total de 73 unidades em outros países da América Latina. Nessas geografias a relação é praticamente meio a meio, com 37 lojas próprias e 36 franquias.
A empresa de depilação a laser opera na Argentina, Chile, Colômbia e Paraguai, sendo que é líder de mercado nas três primeiras geografias.
Vale destacar que houve um encolhimento no número de franquias de 2020 para 2021 e, após isso, a companhia passou a aumentar esse volume ano após anos.
Quando a companhia fez seu IPO, em meados de fevereiro de 2021, tinha uma tese de recomprar franquias e aumentar a base de unidades próprias – plano que foi executado, mas que não representou um resultado positivo, dado que a companhia amargou uma queda de 10 pontos percentuais na sua margem Ebitda entre 2021 e o fim de 2024.
Em um passado recente a companhia então mudou sua tese e passou a ter um foco maior no crescimento de lojas franqueadas, que podem chegar a 50% nos próximos anos.
Nesse sentido, a empresa foca em aumentar sua capilaridade no Brasil, onde ‘ainda vê muito espaço para crescer’, segundo a CEO. Ainda que a companhia tenha presença internacional e tenha aberto lojas fora do país nos últimos trimestres, o foco de 2025 em diante é abrir unidades em cidades menores onde a depilação a laser ainda não chegou, mirando municípios com ao menos 50 mil habitantes.
Entenda o turnaround da Espaçolaser
Apesar de ainda estar consideravelmente abaixo do preço do IPO, a Espaçolaser tem colhido bons frutos nos últimos meses, com melhora da última linha do balanço por 13 trimestres consecutivos.
Magali Leite, que era CFO da empresa, assumiu como CEO há cerca de um ano e tem sido a executiva a promover ajustes internos e disciplina financeira – conseguindo então convencer parte do mercado de que a companhia tem um futuro mais sólido e rentável.
Desde o Investor Day da empresa em meados de abril deste ano, a companhia dialogou com analistas de sell side e investidores e conseguiu afastar alguns dos receios.
Além da disciplina financeira, com melhora na alavancagem e no bottom line do balanço, a companhia mostrou que a geração da caixa e os reajustes foram suficientes para neutralizar a inflação e eventuais repasses de preços.
Com isso, as ações da Espaçolaser saltam cerca de 60% desde o início de abril. Os papéis ESPA3 negociam acima de R$ 1,10, ao passo que ficavam na casa dos centavos em boa parte dos meses do ano de 2024.
No seu resultado mais recente, do segundo trimestre de 2025, a empresa reportou crescimento de 82% no lucro líquido ajustado, para R$ 8,8 milhões. O resultado da Espaçolaser ainda mostrou um crescimento de 7% na receita líquida, para R$ 266,9 milhões, e um salto de 13,8% no Ebitda ajustado, para R$ 64,6 milhões.
Somado a isso, a companhia comemora o que considera um ‘marco’, que é o atingimento de uma alavancagem que fica abaixo de 2x o Ebitda da empresa, queda de -0,24x ante igual etapa do ano anterior.
Isso, fruto de uma dívida líquida que encerrou o mês de junho em R$ 547 milhões, retração de 5% na base anual.
Ainda em maio, a Moody’s atribuiu nota de crédito ‘A.br’ para a empresa, com perspectiva estável. A visão dos analistas que fizeram elevação da nota é de que a Espaçolaser mostrou um ‘crescimento sequencial, com manutenção de margens acima da média, considerando que seus principais competidores estão fechando ou mudando de segmento de negócios’.