O fantasma das falências bilionárias que assombra a economia americana e que, em menos de dois meses, levou à lona gigantes como Kmart, Global Crossing e Enron, paira sobre outra companhia. Dessa vez, o alvo da desconfiança é a Tyco International, conglomerado que reúne empresas de fibras ópticas, componentes eletrônicos, suprimentos médicos e administra um fundo de investimentos. Desde meados de janeiro, a cotação dos papéis da Tyco desabou 41% e seu valor de mercado caiu à metade, para US$ 50 bilhões. O ambiente desfavorável se deve à suspeita sobre as práticas contábeis adotadas por Dennis Kozlowski, presidente do grupo. O executivo é acusado de usar brechas legais para inflar os lucros e tornar a empresa ? que atua em mais de 80 países, incluindo o Brasil ? uma das vedetes da Bolsa de Valores de Nova York. O economista americano Gary Hamel vai além. Para ele, estas companhias estão pagando o preço por terem crescido de forma descontrolada na década de 90. ?A época de excessos acabou?, opina.

De certa forma, Kozlowski concorda com o economista. Uma boa mostra disto é que no último dia 23 ele anunciou a cisão do conglomerado em quatro unidades. Assim, espera diluir o risco de a queda da atividade econômica em determinado setor contaminar áreas lucrativas. A medida não recuperou a credibilidade. Na semana passada, descobriu-se que dirigentes venderam secretamente US$ 100 milhões em ações da Tyco. Está difícil acreditar que o barco da Tyco terá força para atravessar a borrasca.