24/02/2022 - 2:50
A “operação militar” russa contra a Ucrânia, ordenada nesta quinta-feira (24) pelo presidente Vladimir Putin, é o ponto culminante de uma escalada de tensões entre a Rússia e o Ocidente iniciada em novembro de 2021.
– Medo de uma ofensiva –
Em 10 de novembro de 2021, os Estados Unidos pedem explicações à Rússia após detectar movimentos “incomuns” de tropas na fronteira com a Ucrânia.
O presidente russo, Vladimir Putin, acusa os ocidentais de exacerbar as tensões entregando armamento moderno à Ucrânia e realizando “exercícios militares provocadores” no Mar Negro e perto de suas fronteiras.
Em 28 de novembro, a Ucrânia diz que a Rússia tem 92.000 soldados concentrados em suas fronteiras.
– Cúpula virtual Biden-Putin –
Em 7 de dezembro, o presidente americano, Joe Biden, ameaça Putin com “graves sanções” econômicas se invadir a Ucrânia, em uma cúpula bilateral virtual.
O presidente russo exige “garantias jurídicas” de que a Ucrânia não vai aderir à Otan.
Moscou apresenta esboços de tratados para proibir qualquer ampliação da Otan e o estabelecimento de bases militares americanas em países da antiga União Soviética.
– Profundas “divergências” –
Na segunda semana de janeiro de 2022, são iniciadas negociações diplomáticas em várias frentes, que terminam sem grandes avanços.
Em 18 de janeiro, a Rússia começa a mobilizar soldados em Belarus.
Washington desbloqueia uma ajuda para a Ucrânia e permite que países bálticos enviem a Kiev armas americanas. No dia 24, a Otan anuncia que está pronta para reforçar suas defesas no leste europeu com tropas, navios e aviões de combate.
Moscou inicia novas manobras militares perto da Ucrânia e na Crimeia.
No dia 26, os Estados Unidos rejeitam os principais pedidos de Moscou.
– China apoia a Rússia –
Em 27 de janeiro, o governo chinês considera “razoáveis” as preocupações da Rússia com sua segurança.
Em 2 de fevereiro, Washington envia 3.000 soldados adicionais ao leste europeu para defender os países da Otan.
Em 7 de fevereiro, Putin se declara disposto a adotar “compromissos” após um cara a cara no Kremlin com o presidente francês, Emmanuel Macron, cujo país ocupa a presidência semestral da União Europeia (UE).
No dia 10 de fevereiro, os exércitos russo e bielorrusso fazem manobras de envergadura em Belarus.
– Risco de guerra na Europa –
Em 11 de fevereiro, a Otan insiste no “risco real de um novo conflito armado” na Europa. Vários países pedem que seus concidadãos deixem a Ucrânia o mais rapidamente possível.
Os Estados Unidos afirmam que uma invasão russa da Ucrânia poderia ocorrer “a qualquer momento” e decidem enviar 3.000 soldados adicionais à Polônia. Em 14 de fevereiro, Washington decide transferir sua embaixada de Kiev a Lviv, no oeste.
– Rússia anuncia início de retirada –
No dia 15 de fevereiro, o Kremlin confirma o início de uma retirada das tropas russas mobilizadas na fronteira com a Ucrânia. Os Estados Unidos e a Otan asseguram não constatar indícios de uma desescalada.
– Ataque próximo? –
No dia 17, intensifica-se a troca de tiros na linha de frente entre separatistas pró-russos e forças ucranianas. No dia 18, os rebeldes ordenam a evacuação de civis para a Rússia.
No dia 19, o exército ucraniano anuncia a morte de dois de seus soldados.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, propõe um encontro com Putin.
Os Estados Unidos insistem em que as tropas russas “se preparam para atacar”.
– Putin reconhece independência de separatistas pró-russos –
No dia 21, a França anuncia que os presidentes de Rússia e Estados Unidos aceitam a princípio celebrar uma cúpula Putin-Biden. O Kremlin diz que o anúncio é “prematuro”.
Putin anuncia o reconhecimento da independência dos territórios separatistas pró-russos na Ucrânia e ordena que seu exército entre nestas regiões.
Dois decretos do presidente russo reconhecem as “repúblicas populares” de Donetsk e Lugansk, pedem ao ministério da Defesa que “as forças armadas russas (assumam) funções de manutenção da paz” nestas regiões.
– Ampla condenação na ONU –
Poucas horas depois, em uma reunião de emergência, a ONU e a maioria dos países membros do Conselho de Segurança condenam a decisão de Moscou de reconhecer a independência das repúblicas separatistas na Ucrânia e o “envio de tropas russas”.
Estados Unidos e União Europeia anunciam as primeiras sanções contra a Rússia que, por sua vez, se diz “disposta” a negociar.
– Putin anuncia “operação militar” –
Em 24 de fevereiro, Putin anuncia pela televisão o início de uma operação militar na Ucrânia. Ele pede aos soldados ucranianos a deporem as armas e assegura que deseja uma “desmilitarização” do país, não sua “ocupação”.
Após este anúncio são ouvidas explosões em Kiev e várias cidades do leste e do sul da Ucrânia. O governo ucraniano denuncia uma “invasão em larga escala”.