15/04/2022 - 17:45
Chefe de polícia da região disse que número de óbitos pode ser maior, já que muitos escombros ainda estão sendo retirados de Makariv e Borodianka. Segundo ele, 95% dos corpos tinham ferimentos a bala.A Ucrânia informou nesta sexta-feira (15/04) que já identificou 900 civis mortos durante a ocupação russana região de Kiev, incluindo 350 na cidade de Bucha.
“Hoje atingimos a cifra de 900 civis mortos. Ressalto que são civis cujos corpos encontramos e entregamos para exame forense, para exame detalhado. Todas essas pessoas morreram nas mãos do Exército russo”, disse o chefe da polícia da região, Andriy Nebytov, segundo a agência Ukrinform.
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“O maior número de vítimas foi encontrado em Bucha, mais de 350 corpos”, detalhou, acrescentando que “um número significativamente menor” de corpos foi descoberto nos distritos de Vyshgorod e Brovary. O Kremlin vem negando a autoria do massacre em Bucha e acusa Kiev de “encenação”.
Nebytov declarou ainda que o trabalho para remover os escombros em Makariv e Borodianka continua e, por essa razão, o número de mortos pode ser ainda maior.
“Temos certeza de que ainda há corpos sob os escombros”, lamentou.
Em relação a Bucha, ele esclareceu que foram encontradas duas valas comuns na cidade. Segundo o chefe de polícia, um homem que trabalhava nos serviços públicos antes da invasão ficou na cidade e pediu aos soldados russos que lhe permitissem retirar os corpos das pessoas das ruas.
“Ele os enterrou em duas covas. Na primeira foram 40 pessoas e na segunda, 57. Já recuperamos 40 corpos”, declarou.
Segundo Nebytov, a maioria dos corpos foi analisada pela polícia e 95% dessas pessoas foram baleadas com rifles de precisão ou armas pequenas, o que significa, de acordo com ele, que elas foram “simplesmente executadas”.
Ataque à área residencial em Kharkiv
A Ucrânia também informou nesta sexta-feira que pelo menos sete pessoas morreram, entre elas um bebê de sete meses, e 34 ficaram feridas, sendo três crianças, em um bombardeio russo a uma zona residencial de Kharkiv.
“O segundo maior exército do mundo [o exército russo], ao que parece, só pode lutar com a população civil”, disse Oleg Sinegoubov, governador da região, em mensagem no Telegram. Ele pediu à população para não sair à rua.
Segundo Sinegoubov mais de 500 civis foram mortos na região, que faz fronteira com a Rússia, desde o começo da invasão na Ucrânia. Com quase 1,5 milhão de habitantes antes do conflito, Kharkiv era a segunda maior cidade da Ucrânia.
Mísseis de longo alcance contra Mariupol
Também nesta sexta-feira, o porta-voz do Ministério da Defesa ucraniano, Oleksandr Motuzyanyk, disse que, pela primeira vez desde o início da guerra, a Rússia usou mísseis de longo alcance para atacar Mariupol.
A cidade portuária é um dos principais objetivos russos para conseguir o controle total da região de Donbass e formar um corredor terrestre no leste do país a partir da península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014. A situação na cidade é catastrófica, com dezenas de milhares de pessoas impedidas pelas tropas russas de deixar o local. Há escassez de água, comida e medicamentos. A Ucrânia acusa a Rússia de não permitir a saída de civis e nem a chegada de veículos com ajuda humanitária.
Ataques no Leste da Ucrânia
A guerra na Ucrânia chegou nesta sexta-feira ao seu 51º dia e, atualmente, as tropas russas concentram seus ataques na região de Lugansk e Donetsk – em 24 horas foram ao menos oito, todos repelidos, segundo a Ucrânia.
De acordo com relatório do Estado-Maior ucraniano, os militares russos estão tentando principalmente capturar as cidades de Popasna e Rubishne, na região de Lugansk. Vários tanques russos e um sistema de artilharia teriam sido destruídos nos contra-ataques da Ucrânia. As informações não puderam ser checadas pela DW de forma independente.
Ataque à fábrica em Kiev
Apesar de as tropas russas se concentrarem no leste, a Rússia anunciou que intensificaria o lançamento de foguetes em Kiev, em retaliação a ataques ucranianos. A declaração vem depois que as autoridades russas acusaram a Ucrânia de lançar ataques aéreos em edifícios residenciais na região russa de Bryansk.
Por essa razão, segundo Moscou, um alvo militar nos arredores da capital ucraniana foi atacado com mísseis de cruzeiro durante a noite de quinta-feira, atingindo uma fábrica que constrói e conserta mísseis, disse o Ministério da Defesa russo. As explosões em Kiev foram as mais fortes desde a recente retirada das tropas russas da região ao redor da capital ucraniana.
Embora Ucrânia e Estados Unidos afirmem que mísseis ucranianos tenham provocado o naufrágio do navio-almirante russo “Moskva”, a Rússia deu uma outra versão, afirmando que a embarcação de guerra afundou em mar agitado enquanto era rebocada para um porto. O Ministério da Defesa havia dito anteriormente que um incêndio havia causado a explosão de munições.
Expulsão de diplomatas da UE
A Rússia declarou nesta sexta-feira como “persona non grata” 18 funcionários da missão da União Europeia (UE) em Moscou, em resposta a uma medida semelhante de Bruxelas, segundo informou o Ministério das Relações Exteriores da Rússia. Eles terão que deixar o país em breve.
A notificação da expulsão foi entregue ao embaixador da UE na Rússia, Markus Ederer, que foi convocado ao Ministério das Relações Exteriores do país.
“O lado russo chamou a atenção para a responsabilidade da UE pela destruição gradual do diálogo bilateral e da arquitetura de cooperação que havia sido criada há décadas”, ressaltou o comunicado da pasta chefiada por Sergey Lavrov.
Moscou também pediu à União Européia que “cumpra rigorosamente os requisitos da Convenção de Viena de 1961 sobre relações diplomáticas”.
No último dia 5 de abril, a União Europeia declarou “persona non grata” 19 membros da Missão Permanente da Federação Russa junto à UE em Bruxelas por realizar “atividades contrárias” ao seu status diplomático.
Segundo o portal russo RBC, este ano mais de 420 diplomatas russos foram expulsos de diferentes países, a maioria deles após o início da invasão na Ucrânia.
Este é o máximo de expulsões em mais de 20 anos, já que, entre 2000 e 2021, um total de 418 trabalhadores de diferentes missões diplomáticas russas foram declarados indesejados.
le (EFE, AP, AFP, Reuters, dpa)