Por Jorgelina do Rosario e Karin Strohecker

LONDRES (Reuters) – Os credores da Ucrânia votam nesta semana uma proposta do governo de adiar por 24 meses os pagamentos referentes aos títulos internacionais do país devastado pela guerra, conforme Kiev espera evitar um calote confuso de 20 bilhões de dólares.

Os detentores de títulos têm até as 17h de Nova York (18h em Brasília) de terça-feira para decidir se apoiam ou rejeitam a proposta do governo da Ucrânia, que enfrenta um déficit de financiamento mensal de 5 bilhões de dólares e pressões de liquidez após a invasão da Rússia, que começou em 24 de fevereiro. O tempo é primordial: o país tem uma emissão de 1 bilhão de dólares que vence em 1º de setembro.

Os credores provavelmente esperarão até relativamente perto do prazo para votar, disse uma pessoa familiarizada com o pensamento da Ucrânia. Os investidores devem apoiar o congelamento da dívida, acrescentou a pessoa.

Ao anunciar sua proposta, o ministro das Finanças da Ucrânia, Sergii Marchenko, disse que tinha “indicações explícitas de apoio” de alguns dos maiores fundos de investimento do mundo, incluindo BlackRock, Fidelity, Amia Capital e Gemsstock.

Os credores da Ukravtodor e da Ukrenergo, duas estatais que têm garantias do governo sobre suas dívidas, também têm até 9 de agosto para votar um plano semelhante de congelamento.

DEFAULT?

A moratória de dois anos para o pagamento da dívida externa permitiria à Ucrânia evitar um calote contratual ou legal, já que qualquer alteração nos termos dos títulos teria o apoio dos credores, disse à Reuters Rodrigo Olivares-Caminal, professor de direito bancário e financeiro da Queen Mary University of London.

No entanto, os credores podem questionar se um seguro contra a inadimplência do país, os Credit Default Swaps (CDS), deve entrar em ação, pois um adiamento dos pagamentos pode ser considerado um evento de crédito pela Associação Internacional de Swaps e Derivativos (Isda, na sigla em inglês).

Agências de classificação de crédito também podem classificar isso como um “default seletivo” ou “default”.

Embora os investidores devam apoiar o congelamento, não está claro se o país ainda pode precisar de uma reestruturação da dívida no médio prazo.

“É apenas um botão de pausa – não sabemos qual será a situação da Ucrânia daqui a alguns meses ou alguns anos”, disse Luiz Peixoto, economista para mercados emergentes do BNP Paribas. “Os investidores já estão se preparando para uma reestruturação da dívida.”

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