17/04/2022 - 14:24
O primeiro-ministro da Ucrânia, Denys Shmygal, afirmou neste domingo (17/04) que os soldados de seu país lutarão “até o fim” na cidade sitiada de Mariupol, descartando que os militares irão acatar o ultimato de Moscou para que se rendam.
“A cidade não caiu. Nossos soldados ainda estão lá e vão lutar até o fim. Por enquanto eles ainda estão em Mariupol”, disse Shmygal em entrevista à emissora americana ABC.
Moscou havia pedido hoje para que os militares ucranianos em Mariupol, cidade do leste do país sitiada por forças russas, cessassem a resistência e entregassem suas armas a partir de 6h (0h em Brasília), prazo que já expirou.
Em troca, a Rússia ofereceu poupar a vida dos defensores da cidade.
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A estratégica cidade de Mariupol, próxima ao Mar de Azov, é um dos principais objetivos dos russos em seu esforço para obter o controle total da região de Donbas e formar um corredor terrestre no leste do país a partir da anexada península da Crimeia. A queda total da cidade seria a maior vitória da Rússia em mais de 50 dias de guerra.
O primeiro-ministro afirmou que algumas áreas de Mariupol permanecem “sob controle ucraniano”, lamentando ainda que a cidade esteja passando por uma “enorme catástrofe humanitária” como resultado do cerco russo. De acordo com o governo local, cerca de 20 mil civis foram mortos desde o início da invasão russa.
Shmygal disse que os cidadãos que permanecem em Mariupol “não têm água, comida, aquecimento ou eletricidade” e, portanto, pediu aos aliados da Ucrânia que “ajudem a parar” esta crise.
O presidente ucraniano Volodimir Zelenski, por sua vez, disse que a Ucrânia “não tem intenção de se render”.
Em uma entrevista transmitida no domingo pela rede CNN, Zelensky descartou a ideia de deixar Moscou tomar o Donbas e parte do leste da Ucrânia para parar o conflito.
Ele acrescentou: “A Ucrânia e seu povo são claros. Não temos direito aos territórios de mais ninguém, mas não vamos desistir dos nossos”.
Rússia adverte que vai “aniquilar” combatentes
De acordo com o Ministério de Defesa da Rússia, tropas russas já ocuparam toda a área urbana da cidade, restando apenas um grupo de combatentes ucranianos cercados numa grande siderúrgica. A alegação de Moscou, no entanto, não pode ser verificada de maneira independente. Cenário dos combatentes mais pesados e da pior catástrofe humanitária da guerra, Mariupol pode ser a primeira grande cidade a ser tomada pela Rússia desde o início do conflito.
O comando militar russo também acusou as autoridades ucranianas de proibirem a rendição de seus soldados sitiados na siderúrgica Azovstal. Descrita com uma fortaleza na cidade, a siderúrgica fica numa região industrial com vista para o Mar de Azov e ocupa uma área de mais de 11 quilômetros quadrados. No local, estariam fuzileiros navais, além de combatentes da guarda nacional e do Batalhão de Azov – uma milícia ultranacionalista de extrema direita. Não há informações sobre o número de combatentes que estão no local.
“No entanto, o regime nacionalista de Kiev, de acordo com comunicações interceptadas, proibiu as negociações de rendição e ordenou aos nazistas do regimento Azov que atirassem em soldados estrangeiros e mercenários que querem se render”, disse o porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov.
Konashenkov afirmou ainda que o grupo sitiado no território de Azovstal tem em suas fileiras “até 400 mercenários estrangeiros”.
“A maioria deles são cidadãos de países europeus, e também do Canadá”, acrescentou, para advertir que “se continuarem resistindo, serão todos aniquilados”.
“Lembro que os mercenários estrangeiros não têm o estatuto de combatentes de acordo com o direito humanitário internacional. Eles vieram para a Ucrânia para ganhar dinheiro matando eslavos. É por isso que o melhor que os espera são sanções criminais e longos anos de prisão”, advertiu.
Tropas russas anunciaram na sexta-feira que assumiram o controle de uma outra siderúrgica da cidade que era um dos pontos de defesa dos ucranianos. Jornalistas da Reuters estiveram no local e relataram que a siderúrgica foi reduzida a ruínas e também noticiaram a presença de diversos corpos de civis espalhados nas ruas próximas.
jps (EFE, ots)