Os países ocidentais adotaram diversas sanções para isolar e prejudicar a economia da Rússia com a invasão sobre a Ucrânia. Na última semana, o vice primeiro-ministro ucraniano, Mykhailo Fedorov, solicitou ao Icann (Corporação da Internet para Atribuição de Nomes e Números, na sigla em inglês) a remoção dos servidores DNS (Sistema de Nomes de Domínios, na sigla em inglês) na Rússia e a exclusão de domínios russos da internet.

Endereços de sites terminados em “.ru” e “.su” ficariam indisponíveis, mas o Icann negou o pedido.

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Na carta ao órgão, Fedorov afirma que os “crimes da Rússia foram possíveis devido à propaganda russa em sites que espalham desinformação, discurso de ódio, promovendo a violência e escondendo a verdade sobre a guerra na Ucrânia”.

Em resposta, o presidente-executivo do Icann, Göran Marby, disse que “a Internet é um sistema descentralizado, nenhum ator tem a capacidade de controlá-la ou desligá-la”. A informação foi divulgada pelo site Engadget.

O Icann administra o sistema de domínios na internet, a World Wide Web (www), que envolve o sistema DNS, responsável por traduzir o nome de um domínio ao seu endereço, conectado ao IP (Protocolo de Internet, na sigla em inglês). O órgão ainda controla as “chaves da Internet”, que verificam a autenticidade dos dados do sistema DNS.

Em resumo, desligar a internet não é apertar um botão. A rede www é apenas um dos serviços de protocolos de comunicação da rede. Se o Icann acatasse o pedido ucraniano, a Rússia seria bloqueada dos servidores DNS, o que não impediria o acesso à Internet, segundo o professor Carlos Alberto Iglesia Bernardo, coordenador em segurança cibernética do Instituto Mauá, em entrevista ao UOL.

Em resposta ao pedido de Fedorov, Bill Woodcock, diretor da Packet Clearing House, organização que fornece suporte e segurança na internet, disse que a exclusão russa do domínio DNS “tornaria a conectividade irregular na Rússia, mas principalmente para pessoas comuns, não para usuários do governo ou militares”.

Isso isolaria os cidadãos russos e os deixaria ainda mais refém da comunicação estatal russa, como já acontece devido aos boicotes de grandes empresas à Rússia, como o TikTok, Meta (Facebook e Instagram), Apple e Google.