Os líderes da União Europeia (UE) informaram nesta quinta-feira (25) que o bloco está preparado para revitalizar as relações com a Turquia, mas alertaram Ancara que espera gestos concretos e uma redução das tensões para permitir essa reaproximação.

Em uma declaração, os líderes dos 27 países europeus informaram que o bloco “está pronto para se relacionar com a Turquia de uma forma progressiva, proporcional e reversível para melhorar a cooperação em áreas de interesse comum”.

Nesse espírito, os líderes europeus sinalizaram a disposição para “conversas de alto nível” com a Turquia, sobre assuntos como “saúde pública, questões climáticas e ações contra o terrorismo”.

Também “convidaram” a Comissão Europeia a “explorar formas de fortalecer a cooperação com a Turquia” em relação aos contatos pessoais e à mobilidade.

No entanto, os líderes europeus alertaram que essa reaproximação só será possível se a Turquia “se relacionar de forma construtiva” e se “atual desescalada for sustentada”.

“Pedimos à Turquia que se abstenha de novas provocações ou ações unilaterais que violem o direito internacional”, destacou a UE em sua declaração.

– Principal aliado –

Mesmo com as tensões que marcaram as relações bilaterais em 2020, a Turquia é um parceiro fundamental para a UE. O país é membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e, portanto, um aliado militar.

Além disso, Bruxelas e Ancara assinaram um acordo de migração há cinco anos a partir do qual a Turquia serve como uma “barreira” para impedir a chegada de milhões de migrantes, especialmente sírios, ao território europeu.

Na esteira das tensões do ano passado, a Turquia pressionou por uma renegociação desse acordo, considerado vital pela UE.

O bloco se recusa a reabrir o acordo, mas poderia oferecer à Turquia mais dinheiro para abrigar milhões de refugiados em seu território.

A Turquia e a UE também devem resolver suas diferenças quanto ao papel de cada uma das partes no conflito armado na Líbia.

A chefe do governo da Alemanha, Angela Merkel, deixou clara a visão que a UE tem da Turquia. “É de importância estratégica” para os europeus, disse ela.

– Organizar as peças –

Na busca por um reajuste das relações com a Turquia, a UE tenta reconhecer as recentes medidas conciliatórias do presidente turco Recep Tayyip Erdogan, e suspendeu por enquanto as sanções previstas pela exploração turca nas águas do Mediterrâneo oriental.

Bruxelas se sentiu encorajada pela retomada das negociações com a Grécia sobre uma fronteira marítima em disputa, e pelos planos de reiniciar os esforços de paz da ONU no Chipre, um Estado membro da UE.

No entanto, há uma grande preocupação com as recentes iniciativas do governo turco para fechar o segundo maior partido da oposição do país, e por sua decisão de se retirar de um tratado sobre violência contra as mulheres.

Os integrantes da UE chegaram a essa cúpula por videoconferência divididos sobre como administrar as relações com a Turquia.

Chipre, Grécia e França pedem uma “linha dura”, enquanto outros, em um grupo liderado pela Alemanha e que inclui a Espanha, adotam uma abordagem de menor confronto.

Um diplomata europeu afirmou à AFP que “a UE está pronta para abrir três projetos em junho: união aduaneira, diálogo político de alto nível sobre questões de segurança e mobilidade”.