A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, advertiu nesta segunda-feira (13) contra uma “interferência estrangeira” no Líbano, país que está mergulhado em uma nova crise política após a demissão de seu primeiro-ministro, Saad Hariri, e sua partida para a Arábia Saudita.

“Esperamos que não haja nenhuma interferência estrangeira (…) e acreditamos que é essencial impedir a importação ao Líbano dos conflitos, dinâmicas e tensões regionais, que devem permanecer fora do país”, disse Mogherini em coletiva de imprensa, ao final de uma reunião de chanceleres da UE.

A Alta Representante, que anunciou uma reunião na terça-feira em Bruxelas com o chanceler libanês, Gebran Bassil, considerou importante que “todas as forças políticas se concentrem no Líbano” e em seus cidadãos e que “trabalhem juntos para impedir qualquer escalada no país”.

Seu apelo segue o rastro das preocupações expressas pelos chanceleres da UE, como o francês Jean-Yves Le Drian, que advertiu contra uma “ingerência” no Líbano, um país que, para seu contraparte alemão, Sigmar Gabriel, “não deve se tornar em um brinquedo de (…) Síria, Arábia Saudita ou outros”.

Saad Hariri, de confissão sunita e com dupla nacionalidade libanesa-saudita, assegurou no domingo que pensava “volver em breve” ao seu país e afirmou que estava “livre” na Arábia Saudita, onde se encontra desde sua demissão, em 4 de novembro.

Em declarações à emissora de TV Future, o chefe de governo demissionário pediu de novo ao Irã, uma potência xiita, que não interfira nos assuntos do Líbano e dos países árabes.

Horas antes, o presidente libanês, Michel Aoun (cristão maronita), tinha considerado que “a liberdade de Hariri foi restringida” no reino do Golfo, enquanto a classe política libanesa apresentou suas dúvidas sobre sua liberdade de circulação.

O anúncio de sua demissão, com críticas ao controle do Irã e do Hezbollah xiita libanês (membro de seu governo e próximo a Teerã) nos assuntos internos de seu país foi rapidamente recebido como uma nova diferença entre a sunita Arábia Saudita e o Irã.

As duas potências do Oriente Médio já se confrontam em outros assuntos regionais, como as guerras do Iêmen e da Síria.

Na sexta-feira, o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, tinha acusado a Arábia Saudita de ter “detido” Hariri. O encarregado assegurou que sua demissão havia sido determinada por Riad.