A zona do euro deverá crescer menos do que se esperava tanto este ano quanto no próximo, em meio à menor demanda externa e ao aperto monetário do bloco, segundo documento de projeções econômicas da Comissão Europeia publicado nesta quarta-feira, 15. Na edição de outono de seu relatório de projeções, a Comissão – braço executivo da União Europeia – agora espera que o Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro cresça 0,6% em 2023. Em setembro, a previsão era de alta maior, de 0,8%.

Para 2024, a expectativa de expansão do bloco foi revisada para 1,2%, de 1,3% anteriormente. Em 2025, a alta é prevista em 1,6%.

O documento atribui a perspectiva de crescimento menor à conjuntura de fraca demanda externa, aperto monetário e elevado custo de vida.

“Após uma expansão robusta durante a maior parte de 2022, o PIB real contraiu-se no fim do ano e quase não cresceu nos primeiros três trimestres de 2023. A inflação, ainda elevada, embora em declínio, e a política monetária restritiva tiveram um impacto maior do que o anteriormente esperado, juntamente com a fraca demanda externa. Os mais recentes indicadores apontam para uma atividade econômica fraca também no quarto trimestre deste ano, num contexto de maior incerteza”, afirmou a Comissão, avaliando que a economia ainda cresce, mas com ímpeto menor.

Para os próximos anos, a Comissão afirma que espera recuperação gradual da atividade econômica do bloco, à medida que o consumo cresça suportado no aumento salarial, no crescimento da geração de empregos e na redução da inflação.

No terceiro trimestre, o PIB da zona do euro encolheu 0,1% em relação aos três meses anteriores, segundo revisão divulgada na terça-feira pela Eurostat, como é conhecida a agência de estatísticas da União Europeia (UE). Há expectativa de que o indicador irá se contrair novamente no quarto trimestre.

A UE manteve sua expectativa de inflação na zona do euro em 2023 em 5,6%, mas fez ligeiro ajuste para cima na projeção de 2024, de 2,9% para 3,2%. Para 2025, prevê inflação de 2,4%.

“Estima-se que a inflação tenha caído para o mínimo de dois anos na zona do euro em outubro e deverá continuar diminuindo”, pontuou a comissão que vê trajetória de queda para a inflação em meio à menor pressão dos alimentos, dos manufaturados e dos serviços e ao maior aperto monetário.

Em outubro, a taxa anual da inflação ao consumidor (CPI) do bloco foi de 2,9%, em movimento de desaceleração ante os 4,3% registrados no mês anterior e o pico de 10,6% registrado há um ano, segundo dados preliminares divulgados pela Eurostat.

Riscos

A Comissão afirmou também que vê aumento das incertezas e dos riscos para as perspectivas econômicas dada a continuidade da guerra na Ucrânia e o conflito no Oriente Médio.

Segundo a comissão, até o momento o impacto do conflito em Israel no mercado energético tem sido contido, mas há risco de oscilações no fornecimento, o que poderia elevar os preços de energia.

“O desempenho econômico nos principais parceiros comerciais da UE, especialmente a China, também pode representar riscos”, diz a comissão, citando ainda riscos dos fenômenos climáticos extremos.