15/10/2015 - 23:40
Líderes da União Europeia (UE) aprovaram nesta quinta-feira, em Bruxelas, um plano de ação comum, no qual a Turquia se compromete a conter o fluxo de migrantes em troca de concessões de Bruxelas, entre elas a facilitação do acesso a vistos para cidadãos turcos.
Depois de uma cúpula que reuniu todos os 28 líderes da UE, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, disse que a Turquia terá de respeitar seus compromissos, uma vez que “o plano de ação só faz sentido se contiver o fluxo de refugiados”.
“Chegamos a um acordo sobre o conteúdo exato desse plano de ação”, anunciou o presidente da Comissão Europeia (o órgão executivo do bloco), Jean-Claude Juncker, em uma entrevista coletiva após a reunião.
Embora diferentes fontes europeias tenham relatado um pedido turco de uma ajuda de 3 bilhões de euros, Juncker afirmou que esse aspecto do plano ainda deve ser negociado “nos próximos dias”.
Os turcos também pediram a abertura de novos capítulos nas negociações de adesão da Turquia à UE, além da flexibilização da entrega de vistos aos cidadãos turcos.
“Isto não quer dizer que renunciamos aos critérios básicos sobre este tema”, disse Juncker em entrevista coletiva.
O presidente francês, François Hollande, destacou aos jornalistas que “não pode haver liberação de vistos sem os devidos controles. Isto é um movimento paralelo”.
Segundo Juncker, uma primeira avaliação do progresso nas negociações será feita na primavera de 2016 (hemisfério norte).
O primeiro-ministro búlgaro, Boris Borisov, abandonou a cúpula mais cedo devido a morte de um imigrante baleado pela polícia na zona de fronteira com a Turquia.
A vítima, um imigrante afegão, foi baleado por guardas búlgaros quando tentava atravessar, ilegalmente, a Bulgária procedente da Turquia, em um grande grupo de imigrantes ilegais”, revelou um porta-voz do ministério do Interior.
Segundo a rádio pública BNR, uma patrulha da Polícia fronteiriça búlgara prendeu 48 afegãos que não obedeceram a ordem de dar meia volta.
Um alto funcionário do ministério do Interior, Gueorgui Kostov, disse à BNR que um tiro de advertência disparado por uma patrulha búlgara “ricocheteou e atingiu a nuca” de um dos imigrantes.
A vítima formava parte de um grupo de 50 imigrantes – de 20 e 30 anos – e todos foram detidos por “não obedecerem uma ordem de parar da patrulha búlgara”.
Ancara, que se tornou a porta de entrada na Europa para centenas de milhares de refugiados sírios, pede um apoio maior a sua política com a Síria, em particular com a criação de uma “zona de segurança” na região norte do país.
A Turquia também espera um apoio maior da UE na luta contra o “terrorismo”, do Estado Islâmico aos separatistas curdos.
A intervenção militar russa em apoio ao presidente Bashar al-Assad também dominou os debates. A UE deseja que os bombardeios de Moscou tenham como alvo o grupo Estado Islâmico, e não os rebeldes.
Os chefes de Estado e de Governo também reafirmaram o “total compromisso para encontrar uma solução ao conflito” e destacaram que “não pode existir uma paz duradoura na Síria sob a atual liderança”, mas não afirmaram de maneira explícita que Bashar al-Assad deve deixar o poder.