06/01/2021 - 7:46
A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) retomou nesta quarta-feira (6) a avaliação para decidir se aprova o uso da vacina da Moderna contra a covid-19, sob pressão dos países da União Europeia (UE) que enfrentam a aceleração da pandemia e a lentidão das campanhas de imunização.
A epidemia se agrava após as festas de fim de ano, em particular nos Estados Unidos, país que na terça-feira anunciou um novo recorde de óbitos em 24 horas, com mais de 3.930 mortos, de acordo com o balanço da Universidade Johns Hopkins, que indica ainda 250.000 novas contaminações.
O país (357.067 mortes) é o mais afetado do planeta pela pandemia, que já deixou 1,85 milhão de vítimas fatais.
Os serviços de emergência de Los Angeles começaram a racionar o oxigênio e os leitos. Também pediram aos serviços de ambulâncias que não transportem aos hospitais pacientes que sofreram ataques cardíacos e que tem poucas probabilidades de sobrevivência.
No dia 21 de dezembro, a EMA autorizou a vacina Pfizer/BioNTech, para a qual a Comissão Europeia deu imediatamente luz verde e que continua sendo a única permitida na Europa.
Agora a agência deve decidir se autoriza a vacina da Moderna, uma empresa de biotecnologia dos Estados Unidos dirigida pelo francês Stéphane Bancel.
“A reunião do comitê de medicina humana da EMA para discutir a vacina COVID-19 Moderna já começou. Comunicaremos o resultado”, afirmou a agência em sua conta no Twitter nesta quarta-feira.
A agência antecipou a reunião do Comitê de Medicamentos de Uso Humano (CHMP), prevista inicialmente para 12 de janeiro.
A vacina da Moderna recebeu aprovação para uso emergencial da Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA) dos Estados Unidos em 18 de dezembro, uma semana depois que o fármaco da Pfizer-BioNTech recebeu a mesma autorização. O Canadá seguiu os passos dos Estados Unidos em 23 de dezembro.
– Temperatura de -20°C –
A vacina da Moderna tem a vantagem de poder ser armazenada a -20°C, e no a -70°C, como a da Pfizer, o que obrigou o grupo a criar contêineres específicos para seu transporte.
As duas vacinas têm níveis de eficácia similares, segundo os laboratórios,, de 95% para a Pfizer/BioNTech e 94,1% para a Moderna.
Embora a vacinação tenha começado em 27 de dezembro em vários países europeus com o produto da Pfizer/BioNTech, as campanhas avançam de modo muito mais lento que nos Estados Unidos, Grã-Bretanha ou Israel.
“É evidente que um esforço tão complexo sempre encontra dificuldades”, admitiu recentemente um porta-voz da Comissão Europeia.
A farmacêutica britânica AstraZeneca, associada com a Universidade de Oxford, reivindica uma taxa de eficiência de 70%, mas que poderia chegar a quase 100% com duas doses.
Esta vacina começou a ser administrada na segunda-feira no Reino Unido e já foi aprovada em outros três países (Argentina, Índia e México).
Na América Latina, a Colômbia anunciou na terça-feira uma autorização de emergência para a vacina da Pfizer, enquanto a Bolívia decidiu suspender sua maior festa folclórica, o carnaval de Oruro, devido à pandemia.
Na Europa, a Holanda inicia a campanha de vacinação nesta quarta-feira, dois dias antes do previsto. A Bélgica começou a aplicar os fármacos nas casas de repouso, depois de uma fase de testes na semana passada com 700 pessoas.
O aumento das infecções na Europa levou alguns países a ampliar as restrições, como Alemanha e Dinamarca, enquanto as campanhas de vacinação provocam controvérsias em algumas nações, como a França.
– Ruas desertas em Londres –
O confinamento total na Inglaterra entrou em vigor às 00h01 desta quarta-feira, mas o primeiro-ministro Boris Johnson havia solicitado aos britânicos que cumprissem de imediato as normas anunciadas na segunda-feira. Um dia depois, as ruas de Londres estavam praticamente desertas.
O Reino Unido, com mais de 75.000 mortes, é um dos países europeus mais afetados pela pandemia. A nova variante detectada no país agravou a tendência, com mais de 50.000 novas infecções por dia.
Pouco mais de um ano depois da descoberta dos primeiros casos na região chinesa de Wuhan, 10 renomados cientistas escolhidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) ainda aguarda a aprovação de seus vistos para entrar neste país e tentar determinar as origens do vírus.
A China afirmou nesta quarta-feira que prosseguem as negociações com a OMS sobre “a data precisa e as modalidades da visita do grupo de especialistas”.