A União Europeia insiste em se empenhar em contatos de última hora com os Estados Unidos para evitar uma guerra comercial, mas prepara enormes represálias que poderão atingir os aviões, os automóveis e o whisky americano, caso o diálogo não prospere.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou no sábado (12) que seu país imporá tarifas de 30% sobre os produtos da UE a partir de 1º de agosto.

No entanto, a carta enviada à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, deixou uma porta entreaberta para as negociações até o prazo final.

O comissário europeu do Comércio, Maros Sefcovic, ainda tem agendado nesta terça-feira (15) um contato com o secretário americano do Comércio, Howard Lutnick, em um esforço de última hora.

Na véspera, a Comissão Europeia – o braço Executivo da UE – distribuiu entre os países-membros uma extensa lista das represálias a serem adotadas caso não seja possível chegar a um acordo com Washington.

O documento de 202 páginas, ao qual a AFP teve acesso, inclui itens como aviões, automóveis, produtos químicos e equipamentos elétricos, elementos com grande impacto no intercâmbio comercial.

No entanto, o rascunho da proposta inclui também coisas como preservativos, caracóis, baleias vivas, peixes-boi e camelos.

Se aprovada, esta lista representaria tarifas sobre produtos americanos no valor de cerca de 72 bilhões de euros (cerca de 467,1 bilhões de reais).

A lista também inclui o whisky americano, apesar das objeções do setor vinícola europeu, que teme ser alvo de tarifas punitivas para poder entrar no mercado dos EUA.

O porta-voz do Comércio na Comissão, Olof Gill, se negou a proporcionar detalhes da ligação que Sefcovic teve com Lutnick na segunda-feira (14).

“Estamos na etapa mais sensível dessas negociações neste momento, trabalhando para chegar a um acordo de princípio antes do prazo final”, disse o porta-voz.

“Não estaríamos participando de negociações se não pensássemos que essas negociações poderiam levar a um bom resultado. Então, claramente, pensamos que um acordo de princípio, como dissemos, está ao alcance”, acrescentou.