Os ministros da Saúde da Europa enfatizaram nesta quinta-feira a necessidade de uma melhor coordenação diante do novo coronavírus e de se precaver contra a escassez no fornecimento de equipamentos de proteção da China.

O vírus, que afetou mais de 60.000 pessoas e deixou pelo menos 1.300 mortos na China, onde apareceu em dezembro, afeta cerca de 30 pessoas em sete países da União Europeia, onde ainda não fez vítimas fatais.

Diante da epidemia de COVID-19, cada país da UE adotou suas próprias medidas, no que diz respeito à quarentena, checagem de passageiros e conselhos aos viajantes. A Itália suspendeu voos de e para a China.

Mas em um espaço onde a livre circulação de pessoas é a regra, os 27 consideram necessário “fortalecer a coordenação já existente” para “melhorar a eficácia” das medidas nacionais, de acordo com as conclusões adotadas pelos ministros reunidos em Bruxelas.

A comissária da Saúde Stella Kyriakides disse que “todos os Estados membros tinham planos de ação e um bom nível de preparação”, durante uma coletiva de imprensa.

Ela também assegurou que “até agora não há escassez de medicamentos”, enquanto vários países temem esse risco se a epidemia continuar.

A China é um grande produtor de substâncias ativas, usadas na composição de medicamentos.

A comissária também indicou que “quase 50%” dos equipamentos de proteção (luvas, máscaras, macacões) são produzidos neste país, informando que o nível dos estoques na UE está sendo avaliado.

A Comissão está “pronta para iniciar um procedimento para compras em grupo”, disse ela. “Já entramos em contato com empresas da UE para ver se elas podem fornecer mais” equipamentos.

As conclusões finais, que listam compromissos gerais, enfatizam, em particular, a necessidade de “implementar planos e recursos específicos para fornecer os cuidados adequados (…) aos portadores suspeitos ou confirmados do COVID-2019, bem como para quaisquer medidas adicionais (permitindo) identificar contatos”.

Essa referência a pessoas que estiveram em contato com um viajante contaminado foi adicionada a pedido da Alemanha, apoiada pela Romênia, após intensas discussões.

Embora reconheça ser impossível listar todas as pessoas com quem uma pessoa de retorno da China esteve em contato, Vili Beros, o ministro da Saúde da Croácia, cujo país ocupa a presidência da UE, considerou um “compromisso satisfatório”.

O ministro da Saúde da Alemanha, Jens Spahn, defendeu as medidas, argumentando que “medir a temperatura” dos passageiros não era suficiente.

“Não se pode descartar que essa epidemia limitada regionalmente se torne uma pandemia global”, disse ele, enquanto seu colega tcheco Adam Vojtech não descartou a possibilidade de futuras restrições à liberdade de movimento no espaço Schengen.

A situação atual não exige isso, mas “se a epidemia piorar, novas ações serão tomadas”, incluindo o possível fechamento de fronteiras, disse Beros.

O comissário de gerenciamento de crises, Janez Lenarcic, que também participou da reunião, enfatizou que o número de casos de coronavírus na Europa “ainda é baixo”.

“O risco é baixo, mas existe e pode aumentar, por isso devemos estar preparados para esse tipo de cenário”, ressaltou.