10/03/2022 - 18:27
Há cinco anos, o presidente da França, Emmanuel Macron, iniciou seu mandato recebendo Vladimir Putin com pompa no Palácio de Versalhes. Agora, conduz no mesmo cenário uma reunião de cúpula marcada pela união da Europa contra o presidente russo.
Enquanto Macron recebia os líderes europeus na entrada do palácio, a sombra de Putin pairava sobre o deslumbrante Pátio de Mármore. No tapete vermelho, predominavam sorrisos protocolares, mas os dirigentes deixaram clara sua preocupação com a guerra na Ucrânia. Nenhum dos líderes presentes ousou prever uma solução rápida para o novo conflito bélico.
Segundo fontes francesas, a discussão sobre a situação na Ucrânia deve acontecer na sala mais famosa e suntuosa do palácio, o lendário Salão dos Espelhos.
A decisão de organizar esse encontro da União Europeia (UE) em Versalhes foi tomada pela França antes do início da guerra na Ucrânia. O critério central foi que o complexo do Palácio de Versalhes fica próximo a Paris e é fácil de proteger.
Autoridades locais reconheceram a discrepância entre as imagens de luxo e as de combates, cidades bombardeadas e civis em fuga, que causam comoção na Europa.
– Não é uma festa –
“Embora ocorra em um palácio, não se trata de uma festa”, ressaltou o ministro francês de Assuntos Europeus, Clément Beaune, em entrevista a uma rádio. A um mês das eleições presidenciais, em que Macron é candidato, a moderação é ainda mais necessária porque os franceses sentem o impacto do aumento quase generalizado dos preços, principalmente dos combustíveis.
A situação era muito em 30 de maio de 2017, quando Macron conduziu Putin pelo palácio. Recém-eleito, o presidente francês buscava reativar as relações com a Rússia, após a tensão relacionada à anexação da Crimeia e aos combates em Donbas, leste da Ucrânia. Na última coletiva de imprensa naquela ocasião, Macron adotou um tom mais conciliador, desejando uma redução das tensões.
Nos últimos cinco anos, Macron usou o Palácio de Versalhes muito mais do que seus antecessores, convertendo o mesmo em uma ferramenta de poder da sua diplomacia. “É uma vitrine do imaginário francês, que fascina e simboliza a França que brilha”, resumiu um de seus familiares em 2018. Também é “um lugar de poder ao mesmo tempo monárquico e republicano”.