26/01/2015 - 15:20
Cerca de 300 sobreviventes de Auschwitz regressam nesta terça-feira ao lugar onde viveram um dos piores horrores da história humana para advertir contra a repetição de um crime semelhante, 70 anos depois da libertação do campo nazista pelo Exército Vermelho.
“É o último aniversário de número redondo celebrado na presença de um importante grupo de sobreviventes”, destaca Piotr Cywinski, diretor do museu do campo de Auschwitz, instalado em 1940 pela Alemanha nazista no sul da Polônia.
“É sua voz a que adverte mais firmemente contra nossa capacidade de praticar a humilhação, o ódio e o genocídio. Em breve iremos tocar as gerações do pós-guerra para transmitir esse terrível ensinamento e essas lições definitivas”, afirma em uma declaração no site do museu na internet.
Os presidentes francês François Hollande, o alemão Joachim Gauck, o ucraniano Petro Poroshenko, o chefe da administração presidencial russa Serguei Ivanov e o secretário americano do Tesouro Jack Lew assistirão à cerimônia principal da terça-feira à tarde em frente ao memorial de Birkenau, lugar de extermínio de um milhão de judeus europeus.
Também se espera o rei belga Felipe, acompanhado de sua esposa Matilde, e os soberanos da Holanda, Guilherme Alexandre e Máxima, assim como vários outros presidentes e primeiros-ministros. Uma centena de ex-prisioneiros chegaram de Israel junto a um ministro. O cardeal arcebispo de Cracóvia, Stanislaw Dziwisz, representará a Santa Sede.
Moscou justificou a ausência do presidente Vladimir Putin por não ter sido oficialmente convidado. De fato, nenhum convite oficial foi enviado aos representantes políticos, posto que o o Museu de Auschwitz-Birkenau decidiu centrar este 70º aniversário nos sobreviventes, dos quais muitos têm pelo menos 90 anos.
Putin também não vai participar, segundo os veículos checos, das comemorações organizadas na segunda-feira e na terça-feira pelo Congresso Europeu Judeu em Praga, nem ao lugar onde ficava o campo nazista de Terezin, apesar de ter sido convidado por Milos Zeman.
A federação da Comunidade Judaica Checa se opôs firmemente à sua visita à Praga, no próximo 27 de janeiro, declarada pela ONU a Jornada Internacional de Lembrança das Vítimas do Holocausto.
“O regime instaurado e encarnado por Vladmir Putin não respeita os acordos internacionais, dá mostras de agressividade no exterior e ocupa com a força o território de um Estado vizinho”, escreveu a Federação em uma alusão à intervenção russa na Ucrânia.
O exército soviético libertou em 1945 o campo de Auschwitz-Birkenau, onde 1,1 milhões de pessoas foram exterminadas, entre elas 1 milhão de judeus de vários países europeus. Transformado em “Lugar de memória e Museu”, recebeu no ano passado 1,5 milhões de visitantes.
Trata-se do maior e mais mortífero campo de extermínio e de concentração nazista e o único preservado tal como foi abandonado pelos alemães que fugiram do Exército Vermelho.
Outros campos de concentração nazistas na Polônia, como Sobibor, Treblinka ou Belzec, foram destruídos completamente pelos alemães para eliminar as provas.
Em Auschwitz-Birenau, as ruínas das câmaras de gás e de fornos crematórios consternam os visitantes tanto quanto os restos dos cerca de 300 alojamentos que se estendem por quase 200 hectares.
Para preservar o campo, a Polônia criou um fundo especial, para o qual a Alemanha ofereceu a metade dos 120 milhões de euros solicitados. O objetivo é obter investimentos anuais de 5 milhões de euros que permitam financiar sua conservação durante 25 anos.
“O que os nazistas quiseram destruir, vamos salvar do esquecimento”, disse Wladyslaw Bartoszewski, ex-chefe da diplomacia polonesa e ex-prisioneiro de Auschwitz
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