18/08/2025 - 10:59
Antigo dono da rede de farmácias Farma Conde, Manoel Conde Neto afirmou em delação premiada que a rede Ultrafarma chegava a sonegar 60% de suas vendas. As imagens do depoimento foram transmitidas pelo programa Fantástico, da Rede Globo, no domingo, 17.
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“Até o ano passado, ela [a Ultrafarma] vendia o produto num preço que é inexplicável. E é inexplicável o Fisco não ir lá fechá-la também. Porque nós, mesmo sonegando, e eu sonegava 10% do que vendia. Eles sonegavam 60% do que vendia e tava na cara que a sonegação lá era e é até hoje muito grande”, diz Conde.
A afirmação veio a público dias após a prisão de Sidney Oliveira, dono da Ultrafarma, acusado de esquema de corrupção envolvendo auditores fiscais tributários da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo (Sefaz-SP). A IstoÉ Dinheiro entrou em contato para que a empresa comente as acusações, mas ainda não obteve retorno. O texto será atualizado caso haja manifestação.
Ainda segundo o Fantástico, Sidney Oliveira confirmou a participação no esquema durante depoimento prestado em junho e firmou acordo para pagar R$ 32 milhões para evitar um processo pelo estado.
Marcelo Conde e sua rede de farmácias foram denunciados por um esquema de corrupção em 2017. A empresa foi obrigada a devolver R$ 300 milhões aos cofres públicos. A partir de então, o empresário passou a colaborar com as investigações através da denúncia de irregularidades cometidas por seus concorrentes. As investigações seguem para identificar outras empresas que se beneficiaram do esquema.
Dono da Ultrafarma está em domicilar
Oliveira encontra-se em prisão domiciliar desde a última terça-feira, 12, na Operação Ícaro. Além dele, foram presos o executivo Mário Otávio Gomes, diretor estatutário da Fast Shop, rede especializada no comércio de eletrodomésticos e eletrônicos, e o auditor fiscal Artur Gomes da Silva Neto, da Sefaz-SP.
Também são citadas na investigação as lojas de conveniência Oxxo — parte do Grupo Nós, uma joint venture entre a Raízen (uma parceria entre Cosan e Shell) e Femsa Comércio —, a varejista de combustíveis Rede 28, a Kalunga, rede de papelaria e material de escritório, e a distribuidora All Mix.