SÃO PAULO (Reuters) – A Ultrapar está avaliando entrar no mercado de gás natural no Brasil, em meio ao processo de quebra do monopólio da Petrobras, afirmou o presidente do conglomerado industrial, Frederico Curado, nesta quinta-feira.

“Temos avançado bastante nas análises e vamos entrar nessa cadeia (de gás natural) em algum elo dela e em algum momento. É intenção bastante firme nossa”, disse Curado em teleconferência com analistas. A companhia divulgou na noite da véspera queda de cerca de 19% no lucro do primeiro trimestre, já que perdas com hedge cambial ofuscaram a melhora operacional.

Ele afirmou que a Ultrapar, além das ações para aproveitar o processo de venda de refinarias da Petrobras, está estudando há mais de um ano a entrada na distribuição de gás natural.

“A Petrobras vai sair. O monopólio está sendo quebrado e as oportunidades de investimento privado em gás, particularmente em gás natural, são crescentes”, disse Curado.

Segundo ele, a análise envolve de que forma a empresa de infraestrutura de armazenamento do grupo, a Ultracargo, voltada a combustíveis e químicos, pode se inserir no mercado de gás natural.

“Estamos debruçados para identificar em que parte da cadeia poderíamos usar as competências e sinergias do grupo para tomar uma decisão de entrada neste setor”, disse Curado.

Na frente de refino, Curado afirmou que apesar da polêmica troca na administração da Petrobras, ocorrida em meio a críticas do presidente Jair Bolsonaro aos sucessivos aumentos de preços de combustíveis no país, a estatal segue firme com os planos venda de refinarias e mantém em vigor a política de preços de derivados alinhada aos internacionais.

O executivo afirmou que a Ultrapar mantém negociações de série de contratos com a Petrobras para aquisição da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), no Rio Grande do Sul, e que as tratativas foram aceleradas após a troca na gestão da estatal.

“Com a mudança na direção da companhia (Petrobras), nossa constatação é que houve até uma certa aceleração, inclusive, do processo”, disse Curado. Ele lembrou que a Petrobras assinou em abril acordo com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) que estabelece prazos para as vendas de oito refinarias. O prazo para a Refap é até o final de julho.

“Tudo indica que na Petrobras a situação é de ‘business as usual’ e de reafirmação destes desinvestimentos”, disse Curado.

Sobre planos de desinvestimentos do grupo, Curado afirmou que a Ultrapar está preocupada em concentrar nos negócios em que consegue grande escala e citou como exemplo unidades Ipiranga, de postos de combustíveis, Ultragaz, de distribuição de gás, e a Ultracargo.

“A Oxiteno não está exatamente desta cadeia de valor e também temos que analisar se nós, Ultrapar, somos o melhor acionista para a companhia”, disse Curado sobre a empresa de especialidades químicas e lembrando que o mercado de produtos químicos tem passado por consolidação no mundo.

“Essa duas questões têm que se encaixar bem antes de tomarmos a decisão de desinvestimento ou não…Se ela (Oxiteno) puder gerar mais valor nas mãos de outro acionista é uma hipótese que vamos considerar e esperamos uma remuneração adequada por isso”, disse Curado.

(Por Alberto Alerigi Jr.; edição de Aluísio Alves)

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