A rede Bob’s iniciou seu negócio de franquias com uma unidade na cidade de Vitória (ES) há 40 anos. De 1984 para cá, a pioneira em fast-food no Brasil ganhou mais concorrentes e tem agora o desafio de voltar a aumentar seu número de restaurantes. A expectativa é abrir 120 pontos de venda ainda este ano.

Atualmente, são 105 unidades próprias e 940 unidades franqueadas. A rede alcança 250 municípios e tem a meta de ser o primeiro grande fast-food em diversas cidades. “Temos plena capacidade de estar em 2.500 municípios do Brasil”, afirma Antônio Detsi, diretor-geral da empresa.

Em 2016, o Bob’s contava com 1.056 estabelecimentos. Logo antes da pandemia, em 2019, o total já tinha caído para 1047. Após despencar para 977 em 2021, o número voltar a crescer e chega a 1.002 restaurantes no final de 2023. A empresa está posicionada como a quarta maior rede de fast-food no Brasil.

Os dados foram levantados pela Associação Brasileira de Franchising (ABF). Segundo os mesmos estudos, entre 2016 a 2023, o total de unidades do McDonald’s, líder do segmento, foi de 1.916 para 2.662. O Burguer King ultrapassou o Bob’s, ao sair de 980 para 1.331 lojas. Já o vice-líder Subway também apresentou um encolhimento: passou de 2.094 para 1.574 restaurantes.

Pioneirismo

O primeiro restaurante fast-food no Brasil foi o Bob’s inaugurado em Copacabana, no Rio de Janeiro, no ano de 1952. O McDonald’s só chegaria ao país em 1979.

Tenista estadunidense casado com uma mulher brasileira, Robert “Bob” Falkenburg buscou inspiração em seu país para empreender com um tipo de negócio inédito no Brasil. O plano era justamente oferecer alimentos até então pouco conhecidos por aqui, como hambúrguer, cachorro-quente, sundae, milkshake. Surge então o Bob’s.

Em 1974, Falkenburg vende a marca à Libby. No final da década, o Bob’s é comprado pela Nestlé, responsável pela implementação do modelo de franquias. Posteriormente, em 1996, a Brazil Fast Food Corporation adquire parte da empresa e passa a aumentar sua participação acionária até assumir o controle da companhia em 2000.

Em 2005, a empresa também foi a primeira a associar seu milkshake à marca Ovomaltine. Em 2016, apesar de manter a mesma receita do sorvete, ela perdeu o uso da marca como selo de sua bebida mais popular para o McDonald’s.

Prejuízos da pandemia

Para evitar o fechamento de mais unidades durante a pandemia, o Bob’s decidiu abrir mão de R$ 100 milhões em receita, segundo Detsi. As renúncias incluíram taxas, prorrogações de prazo de contrato de franquia, royalties, marketing, entre outras.

Agora, o Bob’s avalia que precisa investir na transformação digital e em compreender a Geração Z para garantir sua expansão. “Se a gente não tiver o desafio de entender essa nova geração de consumidores, a gente está fora do jogo”, diz Detsi.

Também será lançado em breve o Potencializa São Paulo, um plano para crescer no estado considerado ainda o mais resistente ao Bob’s. Segundo o site da rede, hoje são 66 unidades na Grande São Paulo. “A gente quer quintuplicar o tamanho do Bob’s em cinco anos no estado”, afirma Detsi.

Para abrir uma franquia do restaurante, o valor inicial estimado é de pouco mais de R$ 1 milhão no modelo “store in store”, ou seja, em que a loja é aberta dentro de outro estabelecimento comercial, de segmento diferente, por exemplo, um supermercado.

Onde a concorrência ainda não chegou

O Bob’s informa que tem hoje 280 franqueados com uma média de quatro unidades por vendedor. Conta ainda com um programa de sucessão, para facilitar o processo de tornar os filhos dos atuais empresários em donos de novas unidades. O dono daquela primeira franquia em Vitória, por exemplo, tem hoje 17 unidades e seu filho é proprietário de outras.

Além disso, o Bob’s tenta ser sempre a primeira grande rede de fast-food em novas localidades. Presente na companhia desde 1990, Detsi recorda que a estratégia de ser pioneira nas cidades não é nova. Nos anos 1990, a empresa tinha a meta de chegar a todas as capitais brasileiras, enquanto o próprio McDonald’s ainda não havia conseguido.

“Ninguém conhece mais o Brasil do que o Bob’s. A gente se aventurou a abrir uma primeira loja em Boa Vista, em Rio Branco, em Macapá”, afirma Detsi. “Muitas pessoas falavam ‘nossa, que loucura, como vai levar o produto lá?’ E nós abrimos e vamos muito bem.”

Segundo Detsi, o Norte é justamente um dos pontos fortes da empresa. São 117 lojas na região. O Rio de Janeiro, local de nascimento da rede, é outro local de destaque. Hoje, 43% dos pontos de venda do Bob’s estão na região Sudeste.

Versatilidade

O modelo do Bob’s aposta em uma alta capacidade de adaptação em diferentes espaços, explica Detsi. “A gente faz eventos. Faz Carnaval, Fórmula 1, Rock´n Rio, agropecuária, show de sertanejo, estádio de futebol, parque aquático.”

Há franqueados especializados em adaptar a estrutura do restaurante a estes espaços. Também há lojas em formatos diferentes, como uma unidade “pé na areia”, na praia em Morro de São Paulo (BA), e uma construída em um antigo boliche que preservou as pistas, na cidade de Vassouras (RJ).

A empresa também busca promover ações específicas para trabalhar em diferentes espaços. “A gente entende que cabem questões locais, cabem sazonalidades”, afirma Detsi, que exemplifica com a atenção dada a ações de marketing durante o Círio de Nazaré, em Belém (PA), época de maiores vendas no local.