Imagine poder tirar quatro horas por semana para cultivar plantas. Ou ainda 30 minutos diários para fazer esculturas de papel machê, pintura a óleo e ainda praticar futebol. Tudo isso no horário de trabalho. O sonho de qualquer empregado é realidade na empresa de telemarketing SPCom. Não que seja uma gigante do setor ? tem 22 clientes e fatura R$ 40 milhões por ano, num setor que movimenta R$ 1,2 bilhão. Mas a companhia conseguiu um feito inédito: graças a sua política de recursos humanos, conseguiu atingir o menor índice de rotatividade de funcionários do mercado, 1%, enquanto a média é de 12%. À frente dessas e de outras tantas idéias está a publicitária e também cartunista Alexandra Periscinoto. Sua quase obsessão pela qualidade no ambiente de trabalho tem criado um novo tipo de profissional de call center. ?Queremos acabar com a idéia de que se trata de um emprego temporário?, diz Alexandra, que abriu mão de trabalhar com o pai, o também publicitário Alex Periscinoto, sócio da agência Almap. Suas tiras de quadrinho, que já chegaram a ser publicadas num jornal de São Paulo, também foram engavetadas: ?Hoje só desenho por hobby?.

A escolha tem se mostrado acertada. No próximo mês, a SPCom salta dos atuais 1.900 para 5 mil funcionários. A sede sai da Avenida Paulista para a Água Branca, num galpão de 11 mil m2, sendo 30% do espaço voltado para atividades esportivas dos empregados. A ampliação vai custar R$ 10 milhões e, segundo Alexandra, 80% do orçamento da empresa é usado com o quadro de pessoal. As iniciativas dessa publicitária de 39 anos revertem-se em dinheiro, já que muitos clientes acabam optando por seus serviços por terem apelo social. Hoje, a SPCom é responsável pelo call center de gigantes como Santander, Itaú e Pfizer. ?Nossos atendentes acabam sendo porta-vozes dessas companhias. Por isso a preocupação com seu bem-estar?, diz Alexandra.