28/02/2007 - 7:00
6,6 bilhões é o total da carteira de crédito do Banco Fibra para pessoas jurídicas, distribuída entre cerca de 900 clientes
O Banco Fibra, controlado pelo Grupo Vicunha, acaba de apresentar ao mercado um balanço de 2006 que impressiona pela carteira de crédito. Focado no empréstimo a empresas de médio porte, o banco fechou o ano com R$ 2,6 bilhões distribuídos entre 900 clientes pessoa jurídica ? contra apenas R$ 150 milhões em crédito consignado. Essa carteira, que responde por 80% dos negócios do banco, cresceu 40% em 2006 e, se tudo correr como planejado, deve aumentar mais 30% em 2007. Com o mercado dos bancos médios entregue a especulações sobre fusões e aquisições depois da compra do BMC pelo Bradesco, há pouco mais de um mês, o desempenho recente do Fibra levantou sobrancelhas. Estaria o banco da família Steinbruch na lista de possíveis alvos de tentativas de compra? Ou no rol de instituições financeiras prontas para abrir seu capital, como Cruzeiro do Sul e Pine? João Rabêllo, o principal executivo do Fibra, garante que não e acrescenta que pretende aproveitar o assédio a outros bancos médios para conquistar posições no mercado. Ele torce por compras e não IPOs da concorrência. Argumenta que bancos grandes não conseguem tirar todo o proveito da flexibilidade típica das instituições de menor porte. ?O pequeno banco de dono tem um processo decisório mais rápido?, explica.
Éramos um banco de pouco crescimento e pouca rentabilidade, mas a hibernação acabou”
No fim dos anos 90 e no início dos 2000, o Fibra sofreu com as desavenças entre as famílias Rabinovich e Steinbruch, que dividiam o controle da Vicunha. A própria manutenção de um banco no grupo não era consensual. Com a saída da família Rabinovich do negócio, em março de 2005, as dúvidas se dissiparam. ?A filosofia do grupo agora é clara?, diz Rabêllo. ?Se o mercado é bom, eles querem estar dentro.? Não por acaso, os últimos dois anos marcam o período de maior crescimento da história do banco. O intervalo entre julho de 2005 e dezembro de 2006 foi marcado por forte investimento em pessoal. Foram contratados 30 novos gerentes, elevando o time atual para 70. Ao mesmo tempo, o banco ampliou seus escritórios de Belo Horizonte e Rio de Janeiro e abriu unidades em Curitiba, no interior de São Paulo (Campinas, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto) e Fortaleza. ?Até então, éramos um banco de pouco crescimento e pouca rentabilidade?, admite Rabêllo. ?Essa fase de hibernação acabou.?
Capital não é problema. O banco acerta, ainda em março, uma linha de US$ 75 bilhões do IFC (braço financeiro do Banco Mundial) e prepara uma emissão de bônus no valor de US$ 50 milhões. Internamente, o Fibra tem mais de US$ 100 milhões disponíveis para negócios. Não utilizados por falta de oportunidades. Rabêllo diz que, até outubro, estava olhando o mercado, a procura de aquisições que complementassem o negócio ? uma factoring, por exemplo, para competir com o Sofisa pelas empresas de menor porte. ?Agora ficou tudo mais caro. No caso do BMC, o Bradesco pagou quase três vezes o patrimônio líquido do banco?, observa Rabêllo. A ordem, então, é esperar algumas aberturas de capital para ver o que acontece. Ou seja, para saber como o mercado vai ?precificar? os bancos médios e qual será o comportamento das ações deles depois do lançamento. Por isso, IPO do Fibra, se houver, será coisa coisa para o segundo semestre deste ano ou primeiro do ano que vem.