Quem acompanhou por anos no site da DINHEIRO a coluna “Mundo dos vinhos”, assinada pela colaboradora Suzana Barelli, deve ter ficado sedento (como eu fiquei) de atualizações nos últimos meses. Uma das mais competentes e admiradas jornalistas brasileiras que se dedicam a cobrir o tema, Suzana foi diretora de redação e depois editora de vinhos da revista Menu, também da Editora Três, e agora escreve para o caderno Sextou, do jornal O Estado de S. Paulo, além de colaborar com outras publicações. Substituí-la na coluna que por anos abasteceu de informações o leitor interessado no universo de Baco seria para mim uma honra, mas também uma responsabilidade para a qual minha agenda não comportaria. Por isso, a partir de hoje, todas as quintas-feiras estarei aqui, com esta nova coluna, “Degustando vinhos”, nome de um workshop que realizo esporadicamente para pequenos grupos e no qual procuro compartilhar o que tenho aprendido nos últimos dez anos, desde que passei a estudar e acompanhar a produção, os negócios e, claro, os prazeres dessa bebida extraordinária.

Tive a oportunidade de me formar winemaker, após integrar um exigente programa oferecido pela Escola do Vinho Miolo. Até agora já são três os rótulos produzidos com muito orgulho nessa parceria com a mais inovadora vinícola brasileira. O primeiro, um merlot single vineyard da safra 2011, recebeu a Denominação de Origem do Vale dos Vinhedos (DOVV), única no Brasil. O segundo, um espumante brut feito pelo método tradicional de Champagne, em que a segunda fermentação ocorre na garrafa, é um blanc de noirs: embora branco, leva 100% de uvas da variedade tinta pinot noir. Em 2018, safra histórica para os brasileiros devido às excelentes condições climáticas que a precederam, foi a vez de desbravar um novo terroir. Da Campanha Meridional, uma das mais promissoras regiões para a produção de vinhos no País, veio um novo tinto, elaborado pelo enólogo português Miguel Ângelo Vicente de Almeida com de uvas da casta Touriga Nacional, variedade típica de Portugal. Por ter 15% de álcool, o vinho foi classificado como nobre, como prevê a atual legislação brasileira para o setor vinícola. Infelizmente nenhum deles está no mercado. Foram produções experimentais, para fins de aprendizado e prazer pessoal. Também em 2018 tive a honra de ser um dos jurados comentaristas da Avaliação Nacional de Vinhos, em Bento Gonçalves, promovida pela Associação Brasileira de Enologia, na qual as 16 amostras mais representativas da safra obtiveram a maior pontuação média da história – o que confirma a qualidade das uvas colhidas em todo o País naquele ano e a crescente competência dos produtores nacionais para delas extrair grandes vinhos.

Feitas as apresentações, é hora de erguer a taça e propor um brinde à Suzana, a quem agradeço imensamente pelo trabalho como colunista de vinhos da DINHEIRO e desejo o merecido êxito em seu novo ciclo profissional e de vida. Saúde, Suzana!

Agora convido você a ler a reportagem “Vindima de charme”, que escrevi para seção Estilo, da DINHEIRO, sobre algumas das atrações que fazem valer uma visita à Serra Gaúcha neste período de colheita das uvas. Boa leitura e até a semana que vem.

 

* Celso Masson, 53, é jornalista, diretor de núcleo da Editora Três, winemaker e palestrante de vinhos