01/06/2005 - 7:00
Uma olhadela minimamente atenta nas vitrines dos shoppings centers ou um passeio pelas megastores de casa e decoração, equipamento esportivo ou eletrodomésticos revela a presença de uma nova bandeira de cartão de crédito no varejo. É a Aura, administrada pela financeira francesa Cetelem, líder européia em crédito ao consumo. Suas parcerias vão da Decathlon (maior loja de artigos esportivos do Brasil) à Leroy Merlin (material de construção e decoração), passando pela Fnac (livraria, papelaria e equipamentos de imagem e som) e pela PBKids (brinquedos). Ao todo, são 43 cadeias varejistas, que juntas reúnem 15 mil lojas. A marca Aura aparece, também, no primeiro cartão de crédito para aposentados do INSS, lançado em abril, em associação com o BMG. Só neste projeto, a Cetelem está investindo 200 milhões de euros. ?O cartão é uma porta de entrada. A meta é ser uma instituição de crédito completa?, revela Georges Régimbeau, diretor geral da Cetelem Brasil.
A Cetelem chegou ao Brasil em 1999 para administrar os cartões exclusivos do Carrefour ? que hoje já são 6 milhões. Três anos depois, começou a tocar negócios próprios e pôs discretamente no mercado o Aura, apresentado como um ?cartão compartilhado?. Trata-se de um conceito europeu. O plástico, neste tipo de operação, não é de aceitação geral. Pagamento com ele, só nas lojas credenciadas. ?É um intermediário entre o private label (válido em uma só cadeia varejista) e o cartão das grandes bandeiras, como Visa e Mastercard?, explica Álvaro Musa, sócio da consultoria Partner. O modelo é especialmente interessante para redes de varejistas de médio porte, que não têm uma base de clientes grande o bastante para lançar um cartão de bandeira própria. Para esta fatia do comércio, o compartilhamento é atraente porque dilui custos. E permite o lançamento de promoções e campanhas para garantir a fidelidade da clientela. ?Eles (os franceses) vieram para dar uma mexida forte no mercado brasileiro de cartões?, acredita Roberto Rigotto, vice-presidente executivo do BMG.
A Cetelem fechou 2004 com 400 mil cartões em circulação no Brasil. Em dezembro, de passagem pelo País, o presidente mundial da financeira, François Villeroy de Galhau, revelou a intenção de dobrar este número em 2005. O momento é propício. A financeira francesa zerou no último quadrimestre o prejuízo que vinha sofrendo no Brasil. Vai aproveitar o boom do crédito para disseminar no País a terceira maior bandeira de cartões de crédito da Europa. E pegar carona na onda do dinheiro de plástico, que já é a forma de pagamento favorita do brasileiro. Segundo pesquisa do Target Group, 41% da população usa cartão de débito ou crédito para fazer seus pagamentos e apenas 18% preferem o cheque. Neste início de ano, os franceses investiram R$ 50 milhões em seu plano de expansão no Brasil. A resposta veio rapidamente, e a rede credenciada Aura cresceu de 8 mil para 15 mil lojas nos primeiros quatro meses de 2005. No mesmo período, o número de cartões ativos já bateu em 700 mil.