Um dos dois assassinos do padre degolado no final de julho na Normandia foi enterrado na sexta-feira nos subúrbios de Paris, onde sua família possui um túmulo, informaram neste sábado as autoridades locais.

Adel Kermiche, de 19 anos, foi enterrado discretamente na área muçulmana do cemitério intercomunal Puiseux-Pontoise por volta das 21h00 (16h00 de Brasília).

“Nós apenas aplicamos rigorosamente a lei, em parte porque há um jazigo da família no cemitério, e em segundo lugar, porque, de acordo com o código geral das autarquias locais, existe o direito a um sepultamento quaisquer que sejam as circunstâncias que rodearam a morte do falecido”, declarou uma fonte de Cergy-Pontoise.

O enterro de autores de ataques terroristas é uma questão sensível, com muitas localidades se recusando a assumir esta responsabilidade, temendo que o túmulo se torne um local de peregrinação.

No caso de Adel Kermiche, a comunidade muçulmana nos subúrbios de Rouen (oeste) onde vivia havia se negado categoricamente a enterrá-loo para não “sujar o Islã”. Um líder muçulmano dinamarquês tinha então proposto que ele fosse enterrado na Dinamarca, antes que a proposta fosse rejeitada pelos membros de sua organização.

O enterro de Abdel Malik Petitjean, o segundo autor do ataque contra a igreja de Saint-Etienne-de-Rouvray, ainda não aconteceu, com os prefeitos das duas cidades onde ele nasceu e viveu se recusando a permitir seu sepultamento.

Kermiche, de 19 anos, que sofria de problemas comportamentais e era obcecado pela Síria, foi descrito como “uma bomba relógio” por várias testemunhas.

Nunca condenado, ele foi indiciado e colocado sob controle judicial em março de 2015 por tentar se juntar às fileiras extremistas. Após uma segunda tentativa, em maio de 2015, ele foi preso, período durante o qual teria se radicalizado ainda mais, antes de ser libertado em março de 2016.