03/06/2009 - 7:00
Demarco: interesses privados podem ter interferido em duas grandes operações da PF
O empresário Luís Roberto Demarco, sócio da Nexxy Capital, é um especialista em acelerar empresas que atuam na internet. Com investimentos em dez companhias, seu grupo atua em infraestrutura tecnológica, mercados verticais e serviços offline. BoardCo, EG Interative, NetCallCenter, Mirácula e Nexxy Security Systems são algumas das suas marcas, que, segundo ele, atuam em 13 países para mais de mil clientes. Demarco seria apenas mais um dos milhares de empresários praticamente anônimos na internet, não fosse por um detalhe: ele virou uma celebridade no mundo dos grandes negócios reais. Fez isso ao declarar guerra e vencer processos no Exterior contra Daniel Dantas, dono do Grupo Opportunity, e aproximar- se do ex-secretário de Comunicação do governo Lula Luiz Gushiken. Na semana passada, Demarco voltou às manchetes econômicas e policiais como um dos principais envolvidos nas operações Chacal e Satiagraha, da Polícia Federal.
Na segunda-feira 25, o juiz Ali Mazloum, titular da 7ª Vara Criminal de São Paulo, indiciou criminalmente o delegado Protógenes Queiroz por crimes de vazamento de informações e fraude processual na realização da prova contra Daniel Dantas, que culminaram em sua prisão preventiva na época da Operação Satiagraha, em julho de 2008. No despacho, Mazloum levanta a suspeita de que a Polícia Federal agiu em nome de interesses comerciais e cita o envolvimento do delegado com Demarco, para quem realizou dezenas de ligações telefônicas durante a operação.
Acusações do juiz Mazloum contra o delegado Protógenes Queiroz incluem ligações telefônicas a Demarco
“Esse inusitado fato deverá ser exaustivamente investigado, com rigor e celeridade, para apurar eventual relação de ligações com a investigação policial em questão, vez que inadmissível e impensável que grupos econômicos, de um lado ou de outro, possam permear atividades do Estado”, escreveu o juiz.
O empresário chegou a enviar um e-mail ao delegado Élzio Vicente da Silva, responsável pela investigação, em que sugere o indiciamento de Dantas por crimes de formação de quadrilha e sequestro, entre outros. Na guerra contra o Opportunity, Demarco aliou-se à Telecom Italia, que disputava com o banco o controle da Brasil Telecom, e brigou com os italianos para receber US$ 500 mil por serviços prestados. Obstinado, impôs muitos prejuízos a Dantas – que perdeu o apoio do Citigroup nas operações de telefonia – e, agora, deixa sua marca na acusação judicial contra o delegado que o prendeu, Protógenes Queiroz.