O SENHOR DOS ANÉIS
Superprodução:
figurino com 500 armaduras, 55 atores e 90 músicos
Investimentos: US$ 25 milhões Em cartaz: 7 meses (Canadá)

Maçante, confuso, atrapalhado, incompreensível, pretensioso… um fiasco. Esses são alguns dos adjetivos usados pela crítica internacional para descrever o musical O Senhor dos Anéis, que está em cartaz desde março, na cidade de Toronto, no Canadá. Anunciada com estardalhaço à época de seu lançamento, a produção canadense, que adapta a trilogia épica de J. R. R. Tolkien para os palcos, recebeu o maior investimento da história dos musicais: US$ 25 milhões ? US$ 5 milhões a mais do que o valor gasto no musical O Rei Leão, o segundo colocado na lista das maiores produções teatrais. Mas, sabe-se, dinheiro não é tudo. Ainda que tenha sido aplicado para compor um cenário com palco móvel de três níveis e 17 elevadores, confeccionar um figurino composto por 500 armaduras e 150 armas, bancar um elenco de 55 atores e 90 músicos e possibilitar seqüências de cenas aéreas com alta tecnologia, o montante investido não serviu para convencer os espectadores. Estimava-se que o espetáculo arrecadasse US$ 36 milhões em 36 semanas, incluindo despesas com hotéis, restaurantes e impostos. O problema é que, nem com muita sorte, 80% desse valor será atingido. Resultado: em vez de 36, serão 31 semanas em cena, com data final marcada para 3 de setembro. É pouco tempo, dizem especialistas do setor de entretenimento, para obter o retorno de um investimento tão alto.

De acordo com a CIE Brasil, companhia que já trouxe musicais como Os Miseráveis e A Bela e a Fera para o País, um retorno considerado rápido é aquele obtido em cerca de 45 semanas. Mas os produtores canadenses não querem mais pagar para ver. ?O show deveria ter ingressos esgotados durante um ano para dar retorno?, disse à DINHEIRO Randy Alldread, gerente de comunicação da Marvish Productions, empresa canadense que produziu o espetáculo. ?Isso não está acontecendo.? O que fez, então, deste musical um fracasso? Um dos motivos apontados é o tamanho do teatro onde a peça é apresentada. Com lugar para 2 mil pessoas, é considerado grande demais. Pura balela. No Brasil, o teatro onde é encenada a peça O Fantasma da Ópera tem capacidade para 1,5 mil pessoas e, praticamente, lotou em todas as apresentações. Outra explicação é a de que os canadenses não são grandes freqüentadores de teatro e o objetivo do musical, que recebeu US$ 2 milhões do governo canadense, seria o de incentivar essa cultura. Assim, alçaria a província de Ontário para o segundo lugar no circuito do show business, atrás apenas da Broadway, em Nova York.


O REI LEÃO
Investimento:
US$ 20 milhões.
Em cartaz: desde 1997 (Estados Unidos)

Há ainda outras desculpas para o fracasso, como o alto preço dos ingressos ? US$ 120 em média ? e a demora da peça, que dura mais de quatro horas. As falhas devem ser corrigidas na próxima temporada. Sim, apesar de tudo, o musical vai estrear também em Londres, em julho de 2007. Mas a versão será reduzida para três horas de duração, com direito a dois intervalos, e os ingressos custarão US$ 110, no máximo. O diretor Matthew Marchus também prometeu facilitar o entendimento da saga dos hobbits Frodo e Sam, os pequenos habitantes de um condado na Terra Média, uma história árdua e com muitos detalhes. ?Estamos trabalhando numa linguagem mais universal?, diz.

Longe das coxias, a trilogia de Tolkien, publicada em 1955, é sucesso absoluto com 100 milhões de livros vendidos ao redor do mundo. No cinema, ocorre o mesmo. Os três filmes dirigidos por Peter Jackson renderam cerca de US$ 3 bilhões. Depois da febre desencadeada por A Sociedade do Anel (2001), a seqüência As Duas Torres (2002) arrecadou, só no dia da estréia, US$ 42 milhões, 6% a mais que o primeiro. O último, O Retorno do Rei (2003), fechou com chave de ouro ao receber 11 estatuetas, igualando-se a Titanic com o maior número de premiações no Oscar, incluindo a de melhor filme. Fãs, portanto, não faltam. Resta saber como conquistar o público do teatro.

Uma simples olhada em grandes fórmulas de sucesso no universo dos musicais ajuda a desvendar o segredo para fisgar o espectador. Ícones como Cats e O Fantasma da Ópera apresentam, além de um grande espetáculo, uma linguagem simples, que prende o público. Em cartaz há mais de 20 anos, os dois espetáculos já faturaram, respectivamente, US$ 2,7 bilhões e US$ 3,1 bilhões em bilheteria no mundo todo. Os dois shows podem ser vistos também no Brasil. Produzidos pela CIE Brasil, O Fantasma da Ópera fica em cartaz até o fim do ano e Cats estréia, em São Paulo, em agosto, e segue para o Rio de Janeiro, onde fica até setembro. A julgar pelo desempenho de outros musicais no País, terão público garantido.

OS QUE JÁ VIERAM E VIRÃO PARA O BRASIL


O Fantasma da Ópera
Investimento: US$ 10 milhões
Tempo em cartaz: 1,5 ano
Público: 550 mil pessoas


Os Miseráveis

Investimento: US$ 3,5 milhões
Tempo em cartaz: 11 meses
Público: 350 mil pessoas


Cats

Investimento: US$ 1 milhão
Tempo em cartaz: 3 meses
Público: 50 mil pessoas (estimativa/estréia em agosto)


Chicago
Investimento: US$ 2 milhões
Tempo em cartaz: 9 meses
Público: 250 mil pessoas