16/12/2022 - 11:12
Após pendurar a placa de “esgotado” em seus shows nos Estados Unidos, na Argentina, no México e na Espanha, a Motomami World Tour, de Rosalía, termina no próximo domingo (18), em Paris.
Saiba mais sobre a cantora espanhola, jovem talento do flamenco que se tornou uma estrela pop mundial em 2022.
– Flamenco… e muito mais –
Embora ainda seja sua maior inspiração, Rosalía não se limita ao flamenco.
Rosalía Vila Tobella, seu nome de batismo, não tem raízes ciganas e descobriu o gênero durante sua infância na Catalunha, cidade natal, graças aos amigos de origem andaluza.
A paixão é instantânea. Em 2017, seu primeiro álbum “Los Ángeles”, cujo vocal é acompanhado apenas de uma guitarra, integra o tradicional gênero musical. Apesar do sucesso nas críticas, o álbum não alcançou reconhecimento internacional.
Em uma dualidade essencial em sua discografia, Rosalía nunca deu as costas para outros estilos e continua inspirada pelo flamenco.
– De “El mal querer” ao estrelato –
A espanhola foi lançada ao estrelato internacional aos 25 anos, com sua segunda obra, “El mal querer” (2018).
O disco, que ganhou o prêmio de Álbum do Ano no Grammy Latino e mais três outras categorias na mesma noite, reflete o imaginário espanhol e o flamenco de Rosalía, acompanhado voluntariamente por um tom pop e mais dançante.
Entre as canções de sucesso, a indispensável “Malamente” está com 160 milhões de reproduções no YouTube, e “Pienso en tu mirá”, cerca de 89 milhões de reproduções.
Dividido em 11 canções, este disco conceitual começou como um trabalho de fim de graduação da Rosalía e relata as etapas de um relacionamento amoroso tóxico, inspirando-se na anônima obra medieval “Flamenca”.
Com o passar dos capítulos, a protagonista, personificada pela cantora, progride rumo à emancipação.
– Dueto com J. Balvin –
Ozuna, The Weeknd, Bad Bunny, ou Travis Scott. Rosalía ousa em qualquer dueto com as maiores estrelas da música urbana, mas uma colaboração que se destaca em sua discografia é a com o colombiano J. Balvin.
Intitulada “Con Altura”, a música estreou em 2019 e tem mais de dois bilhões de reproduções no YouTube. Esta foi uma de suas primeiras colaborações internacionais, onde deu os primeiros passos no reggaeton.
Fiel às suas influências, a canção expõe pequenas referências ao flamenco, como “llevo a Camarón en la guantera”, ao citar o cantor espanhol deste estilo, Camarón De la Isla, ou à música latina, no verso “pongo palmas sobre la guantanamera”.
– “Motomami” e como se reinventar –
“Sinto que em ‘Motomami’ eu fiz e disse exatamente o que queria dizer e fazer, do meu jeito. Depois disso, não tem como voltar atrás”, declarou à edição americana da revista Rolling Stones em meados de dezembro.
Lançada em março de 2022, “Motomami” foi aclamado por crítica e público. A mariposa virou a marca do disco, um símbolo de transformação, assim como Rosalía canta em “Saoko”: “Una mariposa, yo me transformo”, “Me contradigo”.
Pop, reggaeton, hip-hop, eletrônica, jazz… O álbum embarca em todos os gêneros. O conteúdo desta terceira obra é, sem dúvida, o mais íntimo. Rosalía aborda sexualidade, feminismo, espiritualidade e amor próprio.
– Almodóvar e Bigas Luna? –
Além das canções e da sonoridade, Rosalía também tem uma estética extremamente preservada e ligada à Espanha. O conceito aparece em seus clipes, capas de discos e performances.
Alguns de seus videoclipes são referências ao cinema de Bigas Luna, ou Pedro Almodóvar, com quem trabalhou em um breve papel em “Dor e Glória” (2019). O clipe de “Juro que” mostra a influência de Almodóvar nas cores e nas composições.
O videoclipe de “Pienso en tu mirá” começa com uma cena de uma boneca vestida de flamenca, já o de “Di mi nombre” é inspirado na pintura “La maja vestida”, de Goya.