01/08/2014 - 20:00
No início de julho só se falava da Copa do Mundo no Brasil, assim como em praticamente todos os cantos do planeta em que o chamado esporte bretão é a modalidade mais popular. Mas havia exceções, bem longe das arenas de futebol brasileiras. No dia 6, dois dias depois da fatídica lesão na coluna do atacante Neymar, um seleto grupo de empresários brasileiros assistia da primeira fila à vitória do sérvio Novak Djokovic, que se sagrava bicampeão do torneio de Wimbledon, em Londres, o mais tradicional do circuito internacional de tênis, após uma emocionante partida contra o suíço Roger Federer.
Apaixonados pela modalidade esportiva – a ponto de esquecerem do campeonato de futebol que prendia a atenção da maioria dos brasileiros –, eles foram levados às quadras britânicas pelo ex-tenista e empresário Fabio Silberberg, especialista em oferecer viagens sob medida para endinheirados que percorrem o mundo atrás dos grandes torneios de tênis. Gente capaz de pagar até US$ 12 mil para assistir a um único jogo. Tudo isso, é claro, sem deixar o conforto e o requinte de lado.
Atualmente, a Faberg Tennis Tour oferece pacotes a dez torneios de tênis, entre eles Wimbledon, Roland Garros, US Open e ATP Finals. A ideia de explorar o filão representado pela paixão dessa turma pelo esporte da raquete aconteceu por acaso na vida de Silberberg, há cerca de dez anos. Segundo ele, a iniciativa surgiu quando programou a ida de um grupo de executivos para ter aulas de tênis na Academia Sánchez-Casal, em Barcelona, durante o ATP 500, que acontece na capital da Catalunha.
“Levei quase seis meses para montar a programação da viagem”, diz Silberberg, que incluiu no roteiro um jantar no lendário El Racó de Can Fabes e uma visita aos vinhedos da Cava Codorníu. “O feedback dos clientes foi tão positivo que entendi que havia uma necessidade de mercado ali.” Foi então que decidiu largar a escola de tênis e investir na abertura da empresa voltada para experiências de luxo aliadas ao mundo do esporte. Foi um tiro certeiro, na opinião dos especialistas. Para Roberto Miranda, perito em turismo de alto padrão, as experiências de luxo estão ficando cada vez mais segmentadas no setor.
“Vale para diversos interesses dentro do segmento de viagens, como em esportes, religiões, arte e até bem-estar”, diz ele. Na Faberg, por exemplo, não vale oferecer somente hospedagem de luxo e experiências gastronômicas de alto nível, é preciso proporcionar também os melhores assentos para os jogos de tênis, como primeira fila ou camarote. Quem sabe até cruzar com seu jogador favorito… Foi o que aconteceu com um dos clientes da empresa durante a temporada de Federer no País, no fim de 2012. “Consegui fazer com que o suíço tomasse café da manhã e jogasse uma hora e meia de tênis com meu cliente”, diz o empresário.
“Queremos atender todos os sonhos dos nossos clientes, dos possíveis aos impossíveis.” Otimista com o nicho de mercado que encontrou, o empresário planeja a expansão dos negócios para outros países da América do Sul. No Brasil, ele atende pessoas físicas e grupos corporativos. “Os americanos ou os europeus já estão acostumados com esses grandes eventos e não precisam tanto da nossa consultoria como os sul-americanos”, diz. Mesmo assim, empresas especializadas nesse modelo de negócio fazem sucesso lá fora, como as americanas Sports Traveler e Roadtrips, além da britânica ITC Sports Travel.
Agora, Silberberg aposta também no Super Bowl, o principal campeonato de futebol americano dos Estados Unidos, que tem despertado o interesse dos brasileiros. “Lançamos o programa há menos de um mês e já apareceram mais de 40 interessados”, afirma. O consultor Miranda explica que, da parte do turista de luxo, a tendência é escolher viagens baseadas nas experiências que serão proporcionadas e não apenas no destino turístico. Silberberg concorda. “Esse tipo de cliente muitas vezes já está acostumado com a cidade, como Miami, Nova York, Londres ou Paris, e busca, na verdade, emoção.”