Ao menos uma pessoa morreu e 70 estão desaparecidas após um deslizamento de terra nesta quarta-feira (22) em uma mina de jade na região norte de Mianmar, informou um integrante da equipe de resgate.

“De 70 a 100 pessoas estão desaparecidas no deslizamento”, que aconteceu durante a madrugada na mina de Hpakant, no estado de Kachin, afirmou o membro da equipe de resgate Ko Nyi.

“Enviamos 25 pessoas feridas para o hospital e encontramos um morto”, acrescentou.
Rebeldes de Mianmar buscam armas e unidade

Quase 200 socorristas foram mobilizados para recuperar os corpos, alguns deles em botes para procurar corpos em um lago próximo.

O jornal Kachin News informou que 20 trabalhadores morreram na tragédia.

De acordo com os serviços de emergência, os bombeiros de Hpakant e da cidade vizinha de Lone Khin participam nas operações resgate, mas não divulgaram um balanço de vítimas.

Dezenas de pessoas morrem a cada ano trabalhando na lucrativa e mal regulamentada indústria de jade em Mianmar, que frequentemente usa migrantes mal remunerados para extrair esta joia altamente cobiçada na vizinha China.

Na pobre e remota região fronteiriça de Kachin os deslizamentos de terra são frequentes.

Em 2020, as fortes chuvas provocaram o acidente mais grave acidente do tipo, com 300 mineiros atingidos por um deslizamento em Hpakant, coração da indústria birmanesa do jade.

O comércio da pedra preciosa gera mais de 30 bilhões de dólares por ano, quase metade do Produto Interno Bruto do país, e está cada vez mais vinculado a atividades ilícitas como tráfico de drogas e armas.

Uma parte muito pequena dos recursos financeiros acaba nos cofres do Estado birmanês, pois a maior parte do jade de qualidade é contrabandeado para a China, onde a demanda por essa joia símbolo da prosperidade é insaciável.

Ao mesmo tempo, este comércio gera uma receita significativa para os militares, autores de um golpe em fevereiro, que controlam o acesso à região de Hpakant desde o início dos anos 1990 e administram várias minas.

Outro ator inevitável no setor é o Exército de Independência de Kachin, uma facção rebelde que luta há décadas contra os militares e que também buscam obter os lucros deste recurso.

A luta pelo controle deste setor foi agravada pelo golpe militar e atingiu os comerciantes de jade, obrigados a continuar trabalhando pelo exército, apesar do risco de ataques rebeldes.

As esperanças de uma reforma do setor iniciada pelo governo de Aung San Suu Kyi foram frustradas pelo golpe militar de fevereiro no país, afirmou um relatório divulgado este ano pela organização Global Witness.