O termômetro marca 44 graus. Na paisagem seca do deserto de Nevada, uma estrada corta o cenário de terra batida, típico do Meio-Oeste americano. Parece não haver vida ao redor. Mas ali, próximo ao coração de Las Vegas, a cerca de 20 minutos da Strip, a avenida dos maiores cassinos do mundo, brotou um oásis. Lake Las Vegas é quase uma miragem. O mega-resort cravado no meio do nada é uma obra de engenharia. São dois hotéis de luxo, spa, condomínio residencial, shopping, campos de golfe e, claro, cassinos em uma área de 10,5 milhões de metros quadrados ? o equivalente a 1.176 campos de futebol. As obras do lugar foram iniciadas há 16 anos, mas apenas dez anos depois, em 1997, é que as primeiras casas foram comercializadas.

Assim como tudo na capital mundial do jogo, Lake Las Vegas foi inteiramente inventado. Desde a mais simples palmeira até o lago de 1,3 milhão de metros quadrados, que dá o nome ao empreendimento, tudo foi erguido artificialmente. No caso do lago, ele foi cavado e a água transportada por dutos de regiões vizinhas através das montanhas. Foram necessários oito anos apenas para encher o reservatório. No hotel Ritz Carlton, cuja construção consumiu US$ 170 milhões, uma réplica da Ponte Vecchio, símbolo de Florença, na Itália, dá o tom mediterrâneo. ?Lake Las Vegas foi construído para pessoas que querem estar em Las Vegas, mas não gostam do estilo exagerado da cidade?, diz o presidente do lugar, Ronald Boeddeker. O Hyatt em nada se parece com os outros hotéis da região ? gigantescas construções de gosto duvidoso voltadas para o carteado e a roleta, onde do interior é impossível distinguir o dia da noite. O amplo lobby dá para o lago de mentira. Até existe um cassino no Hyatt, o Baraka, mas ninguém dá muita atenção para ele, escondido pela natureza recriada.

Hoje, o grande atrativo comercial de Lake Las Vegas são as mansões. O preço das casas varia entre US$ 400 mil e US$ 1,5 milhão. Quem mora lá tem direito a usufruir dos serviços de todo o resort. O paraíso está atraindo astros do cinema e dos esportes. A cantora canadense Celine Dion acabou de comprar uma casa de US$ 1,2 milhão. O resort será o endereço de Celine em Las Vegas enquanto ela estiver se apresentando no hotel-cassino Ceasars Park. Nesse oásis americano, um brasileiro está de olho nos negócios do resort. Harold Batista, filho de Eliezer Batista e irmão de Eike, já visitou a área e é um potencial investidor. Cerca de 40% dos terrenos residenciais já foram vendidos. No total, serão construídas cerca de 5 mil casas de altíssimo padrão em volta do lago. É o charme do deserto, com o melhor que o dinheiro pode comprar.