Há, não é de hoje, um esforço tremendo de alguns “especialistas” para que o governo adote medidas amargas na economia – de juros cada vez mais altos a controle de gastos e investimentos – como demonstração de responsabilidade e preocupação com uma crise que eles enxergam crescente. Difícil retirar dessas análises e receituários o componente fortemente político que coloca a gestão Dilma no córner para deleite dos adversários. Ou quem pode acreditar que, às vésperas das eleições, não existam aqueles personagens que pregam o “quanto pior, melhor”? Para chegar lá, apostar na profecia autorrealizável, gerando a chamada crise de expectativas, é o melhor caminho. 

 

62.jpg

 

Os adeptos da causa vendem dificuldades para colher dividendos. E muitos, como rebanho, embarcam sem se atentar para os fatos. Diversas nações em dificuldades abraçaram nos últimos tempos sugestões de aperto, lançadas principalmente por organismos como o FMI, e deram com “os burros n’água”. A Grécia, para ficar no exemplo mais eloquente, está aí para provar. Os arautos do caos estão sendo constantemente desmentidos pelas evidências, inclusive no mercado interno. Mais uma vez, não houve quem chegasse nem perto do resultado de expansão do PIB, de 1,5%, no segundo trimestre, registrado pelo IBGE há poucos dias. 

 

Nem as estimativas mais otimistas rasparam em um número dessa magnitude. Com ele, o Brasil superou 12 países numa relação dos que mais cresceram, inclusive a Alemanha e os EUA. Foram altas as taxas em todos os setores da economia. Algumas sonoras, como os 6,9% nas exportações, os 3,9% na agropecuária e os 2% (quem poderia imaginar?) na indústria. Para espanto geral, até o investimento da produção cresceu. O ministro Mantega chegou a comemorar, dizendo que o País saiu do “fundo do poço”. É digno de nota o empenho do ministro em perseguir a retomada. 

 

E esse empenho deveria vir acompanhado de uma convicção e dedicação dos empreendedores no mesmo sentido. Eliminar de vez o “complexo de viralata” que puxa para baixo a autoestima nacional é uma prioridade. Caso empresas e trabalhadores façam um pacto de crença na capacidade de o País se superar, isso certamente acontecerá. Existe, claro, uma situação de desempenho tímido do PIB, mas nada que chegue perto dos cenários pessimistas desenhados pelos senhores do caos iminente. O crescimento do segundo trimestre calou fundo as previsões da turma do contra. Por que não aproveitar esse empurrão e avançar, ignorando os senões da plateia?