A divulgação na quinta-feira 25, da menor taxa de desemprego para os meses de julho, desde 2002, seria uma notícia excepcional, não fosse este um momento de incerteza em função da crise internacional. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o País gerou 456 mil vagas entre julho do ano passado e este ano, mantendo o desemprego a uma taxa de 6%. O dado revela a inércia positiva de crescimento do mercado interno – com ampliação de vagas principalmente no setor de construção civil e serviços –, mas ainda não se sabe quais serão os efeitos da inércia negativa que vem dos Estados Unidos e da Europa. Na quarta-feira 24, durante o lançamento do programa de microcrédito, no Palácio do Planalto, a presidente Dilma procurou sintetizar o atual momento: “A crise vai ser isso que estamos vendo: um dia está melhor, outro dia está pior”, disse ela.

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O Ministro Guido Mantega: “Precisamos ver se a atividade chinesa cai sem nos prejudicar”

No dia anterior, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, já admitia que a projeção de crescimento do PIB para este ano, de 4,5%, pode não se confirmar, e que o País cresceria  4% em decorrência dos efeitos colaterais do cenário externo. Ainda que as exportações representem apenas 13% do PIB, o Brasil tem a China como o maior parceiro comercial, para onde seguem as suas principais commodities, soja e minério. Um complicador é que 40% do PIB chinês está atrelado às exportações. “Se a China balançar, vai balançar muita gente, pois o preço das matérias-primas pode cair e precisamos ver se o nível da atividade chinesa cai sem nos prejudicar”, disse Mantega, durante apresentação na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.

Como precaução, o governo avisou que vai trabalhar por uma maior consolidação fiscal, reduzindo gastos de custeio e abrindo espaço para a redução de taxas de juros. “A diretriz da presidente é que os resultados fiscais devem ser cada vez mais sólidos”, disse o ministro. A queda dos juros é decisiva para recuperar o desempenho da indústria no País, que sente, ainda, os efeitos das medidas de restrição ao crédito, que começaram no final de 2010, e  enfrenta o aumento da concorrência dos importados. Na terça-feira 23, a Sondagem Industrial, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), revelava que os estoques das empresas estão acima do esperado, e que pelo oitavo mês elas operam abaixo da capacidade instalada usual. Não por acaso, a geração de empregos no setor está para lá de morna: nos últimos 12 meses, a indústria respondeu pela criação de 3 mil vagas, enquanto serviços e construção civil geraram mais de 450 mil postos de trabalho. 

 

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