Quem vem lá

Um dia após divulgar seus resultados do segundo trimestre de 2011, a Tim Participações migrou para o Novo Mercado, sendo a primeira empresa de telecomunicações a entrar no mais alto nível de governança da Bolsa. “A migração agrega valor aos papéis”, afirma Alex Pardellas, analista do Banif. Ele recomenda a compra dos papéis da empresa, e estabelece um preço-alvo de R$ 10. Mesmo com as novidades positivas, na quarta-feira 3, dia da estreia, as ações caíram 3,7% para R$ 9. Um dia antes, a empresa havia anunciado que seu lucro líquido no segundo trimestre havia subido 178% ante o mesmo período de 2010, para R$ 350 milhões. 

 

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Na mesma comparação, a receita subiu 19,5%. “Conseguimos acelerar o crescimento, cumprindo o que prometemos meses atrás”, diz Luca Luciani, presidente da Tim. Pardellas aponta que a alta dos resultados veio com o maior faturamento, gerado pela expansão na base de clientes e pelo crescimento das vendas de smartphones, que representaram 54% dos aparelhos comercializados e impulsionaram os serviços de dados. “Entre 40% e 50% das novas linhas usam a internet em algum momento”, diz Luciani. Agora, a companhia vai apostar em regiões onde ainda não se desenvolveu. A Tim criou uma diretoria regional para o Rio Grande do Sul. A companhia também quer crescer em internet em banda larga, aproveitando a infraestrutura da AES Atimus, empresa adquirida em julho, que permitirá conquistar os mercados de São Paulo e do Rio de Janeiro. 

  

 

Destaque no pregão

 

CSN está menos siderúrgica

 

A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) informou um lucro líquido de R$ 1,14 bilhão no segundo trimestre de 2011, alta de 29% ante o mesmo período de 2010. Na mesma base de comparação, a receita líquida cresceu 12%, para R$ 4,3 bilhões. O destaque nos resultados é que a CSN está menos siderúrgica. A geração de caixa no trimestre foi de R$ 1,8 bilhão, medida pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês). Desse total, 54% vieram da mineração e apenas 38% corresponderam às atividades da siderurgia. Os 8% restantes vieram dos setores de logística, cimento e energia. 

 

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Palavra do analista: O perfil da CSN está mudando, algo que os analistas consideram positivo. “No momento atual, a mineração proporciona margens melhores que as de siderurgia”, diz o analista Leonardo Alves, da Link Investimentos. Porém, o aumento de custos reduziu o lucro. Alves acredita que a ação está com preço baixo. A recomendação e preço-alvo seguem em revisão, devido à incerteza do cenário internacional. “É preciso esperar  a reação do mercado com os menores gastos dos Estados Unidos”, diz Alves.

 

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Mercado

 

Empresas perdem R$ 110 bi em julho

 

O valor de mercado das 377 empresas negociadas na BM&FBovespa somava R$ 2,31 trilhões no final do mês de julho. Segundo dados divulgados pela Bolsa na quinta-feira 4, o número é um pouco menor que o resultado alcançado em junho, de R$ 2,42 trilhões, com a mesma quantidade de empresas.

 

 

Touro x Urso 

 

Um oceano vermelho na Bovespa

 

As lideranças da Europa e dos Estados Unidos têm feito tudo para impedir que seus países entrem em recessão. Mesmo assim, o mercado acha que as medidas que vêm sendo tomadas não são suficientes. Por isso, a ordem que correu as mesas de operação em todo o mundo na quinta-feira 4, foi vender ações. Vender a qualquer preço, para evitar prejuízos maiores. O movimento de pânico no mercado começou na Ásia, espalhou-se pelos pregões europeus, chegou a Wall Street e desembocou na Bolsa brasileira. Na quinta-feira, o Índice Bovespa caiu 5,7% e fechou a 52.810 pontos, a níveis de julho de 2009. Pior do que o percentual de queda foi o volume negociado. Trocaram de mãos R$ 9,6 bilhões, quase o dobro da média diária do ano, sem contar os dias de vencimento de opções e contratos futuros. 

 

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A queda na semana, até quinta-feira, foi de 10,2%. Desde o início do ano, a baixa é de 23,8%, tornando o Índice Bovespa o de pior desempenho entre as bolsas de países relevantes. Segundo profissionais do mercado, a baixa pode ser explicada por um movimento de venda generalizado dos investidores estrangeiros. Tendo de honrar compromissos de mercado na Europa e nos Estados Unidos, esses investidores vendem o que puderem. Como as ações brasileiras são líquidas, elas caem mais. Não por acaso, as maiores baixas são das principais ações do mercado. Os papéis da Petrobras fecharam com queda de 7,4% e os da Vale caíram 5,4%. Os analistas não descartam mais quedas devido a novas vendas dos estrangeiros.

 

 

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Bancos

 

Lucro do Itaú Unibanco sobe 11,5%, mas mercado não gosta

 

O Itaú Unibanco lucrou R$ 7,1 bilhões no primeiro semestre, aumento de 11,5% ante 2010. Só no segundo trimestre, o lucro líquido subiu 13,8%, para R$ 3,603 bilhões. Apesar da bela alta, os resultados do banco dirigido por Roberto Setúbal vieram abaixo das expectativas do mercado. Na terça-feira 2, dia da divulgação, a reação negativa dos investidores foi refletida nos papéis. As ações ordinárias caíram 6,09%, enquanto as preferenciais perderam 5,79%.

 

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Mercado em números

 

Klabin

 

R$ 303 milhões - Foi o lucro líquido da empresa de papel e celulose Klabin nos seis primeiros meses do ano, aumento de 178% em relação ao mesmo período de 2010. Com a mesma comparação, a receita líquida aumentou 9%, para R$ 1,9 bilhão, e os investimentos aumentaram 51%, para R$ 209 milhões.

 

 

Porto Seguro

 

R$ 254,6 milhões - Foi o lucro líquido recorrente da Porto Seguro no primeiro semestre de 2011, alta de 2,3% sobre o mesmo período de 2010. O número divulgado refere-se aos padrões do IFRS. Pelo padrão chamado de BR GAAP, o lucro líquido recorrente subiu 2%, e somou R$ 272,6 milhões.

 

 

Aliansce

 

R$ 145,8 milhões – Será o valor pago pela operadora de shopping center Aliansce na compra de 75% do Shopping Nações, com inauguração prevista para o último trimestre de 2012, na cidade de Bauru, interior de São Paulo. A expectativa é de que, no terceiro ano de operação,o shopping tenha um resultado operacional de R$ 17,5 milhões na participação da Aliansce.

 

 

Cremer

 

R$ 73 milhões – É o valor pago pela Cremer na aquisição da Topz, empresa que fabrica e vende produtos de higiene pessoal. Com o negócio, a empresa espera continuar expandindo seu portfólio de produtos no segmento varejo. Nos últimos 12 meses, a Topz apresentou receita bruta de R$ 70 milhões.

 

 

 

Pelo mundo

 

HSBC demitirá 30 mil 

 

Até 30 mil dos mais de 330 mil funcionários do britânico HSBC devem ser demitidos até 2013. Não haverá demissões no Brasil, informou o banco por meio de sua assessoria de imprensa. O anúncio dos cortes para reduzir custos ocorreu no mesmo dia em que o banco informou uma alta de 36% no lucro do primeiro semestre. No dia do anúncio, as ações caíram 1,17%. O HSBC não foi o único a anunciar demissões. Credit Suisse, Goldman Sachs, UBS e Barclays informaram a demissão de 11 mil pessoas nos próximos meses.

 

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China rebaixa os EUA

 

Não é piada. A agência de rating chinesa Dagong rebaixou de A+ para A a nota dos Estados Unidos, com perspectiva negativa. Para a Dagong, a elevação do limite da dívida aprovado no Congresso permite que Barack Obama continue rolando dívidas sem quitá-las. O mercado ignorou solenemente a notícia e espera anúncios das agências relevantes: Fitch, Moody’s e S&P.

 

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Personagem

 

Localiza quer acelerar nas frotas

 

A receita líquida da locadora de veículos Localiza cresceu 24% no primeiro semestre, enquanto o lucro líquido subiu 29,6%. Com a expansão de aluguel de carros consolidada, a empresa tem agora um desafio: mudar a cultura corporativa de possíveis clientes da divisão de aluguel de frotas. Roberto Mendes, diretor de relações com investidores da Localiza, conversou com DINHEIRO.

 

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Roberto Mendes, RI: mudança de cultura para crescer em aluguel de frotas 

 

A receita líquida consolidada aumentou 24% no primeiro semestre. O que impulsionou esse resultado?

Nosso volume de negócios aumentou. Em aluguel de carros, o crescimento foi de 28,5% em número de diárias, e em aluguel de frotas o avanço foi de 21,2%. Também aumentamos as tarifas, o que refletiu positivamente na receita. 

 

O que estimula o aumento de aluguel de veículos?

São dois fatores principais. O primeiro o aumento de renda, já que 20% dos aluguéis são realizados por turistas. Segundo e, mais importante, o crescimento da economia, já que os outros 80% são clientes viajando a negócios. 

 

Qual a perspectiva de crescimento dos aluguéis totais no ano?

Nosso negócio está muito atrelado à variação do PIB [Produto Interno Bruto]. Para cada ponto percentual de crescimento econômico, nós crescemos seis pontos percentuais. Se as perspectivas de um crescimento de 4% no PIB brasileiro se confirmarem, devemos ter um avanço de 24% em nosso negócio. 

 

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Com o crescimento das empresas, o aluguel de frotas também deve aumentar?

O aluguel de frotas ainda é menor do que poderia, até por uma questão cultural. Como crescimento de aluguel de carros está consolidado, estamos começando um trabalho de ir até as empresas e mostrar que as frotas deveriam ficar em nossas mãos, permitindo que elas gerenciem melhor seus negócios. No entanto, a questão cultural faz com que um aluguel de frotas demore mais de um ano para ser fechado. Os resultados virão no longo prazo.

 

Algum setor já incorporou o aluguel de frotas?

Sim. As empresas de telecomunicações já entenderam há um bom tempo que alugar as frotas permite que elas gerenciem melhor o seu próprio negócio. Os investimentos e projetos de telecomunicações são grandes demais para que elas tenham que se preocupar também com isso, algo que essas empresas já entenderam. 

 

 

Colaborou Lilian Sobral