Você já pensou na operadora de celular Vivo nas mãos da Nestlé? E a rede Pão de Açúcar sendo adquirida pela mesma Nestlé? Se a questão fosse só dinheiro, isso seria possível. O valor de mercado da operadora de telefonia celular (US$ 15,12 bilhões) e o da varejista (US$ 8,4 bilhões) cabem com folga no volume de recursos que está entrando no caixa da companhia suíça: US$ 28 bilhões, obtido com a venda da Alcon, líder mundial de produtos oftalmológicos, à farmacêutica Novartis. 

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Decisão bilionária: o destino da fortuna vai ser decidido na sede da empresa,
na Suíça, e uma das alternativas pode ser investir no Brasil 

E caberá a Paul Bulcke, o presidente mundial da Nestlé, decidir o que fazer com essa fortuna. Do ponto de vista estratégico, ele tem um “problemão”. Muitas vezes, administrar a fartura pode ser mais complicado que a escassez. A venda aconteceu no começo do ano, mas só na segunda-feira 9 é que a Comissão Europeia – uma espécie de Cade local – deu sinal verde para a concretização do negócio. Oficialmente, a Nestlé não se manifesta sobre o que pretende fazer com tanto dinheiro. Uma fonte próxima ao grupo na Suíça disse à DINHEIRO que o principal destino de boa parte desta soma são os países emergentes (Brasil incluído), onde a empresa cresce a taxas anuais de dois dígitos – 11% no caso do mercado brasileiro. 

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Paul Bulcke: agora, o problema do presidente da Nestlé não

é administrar a escassez, mas a fartura

 

De acordo com esta mesma fonte, em princípio, a companhia suíça não estaria pensando em aquisições de grande porte, e sim em pequenas empresas locais. Tudo para melhorar ainda mais os resultados da maior fabricante de alimentos do mundo. No primeiro semestre deste ano, o lucro líquido da Nestlé foi de US$ 5 bilhões – menos de 20% do que acaba de entrar em seu caixa.