19/09/2012 - 21:00
O aguardado pacote do governo para o setor elétrico, anunciado na terça-feira 11, sacudiu os papéis das empresas de energia na bolsa. Em dois dias, o Índice de Energia Elétrica (IEE) na Bovespa recuou 11,3%. No ano, a queda é de 11,2%, ante uma alta de 5,6% do Ibovespa. Para Ricardo Zeno, da AZ Investimentos, os investidores nessas empresas não gostaram das medidas do governo destinadas a aumentar a competitividade da economia, pois elas devem reduzir o lucros das companhias.
“Os analistas estão revendo suas projeções e estimativas e muitos investidores preferem se desfazer desses papéis, especialmente os estrangeiros”, diz Zeno. O impacto das mudanças será desigual. Karina Freitas, analista da corretora Concórdia, avalia que as distribuidoras de energia, cujas tarifas são revistas em média a cada cinco anos, devem sofrer menos. “O impacto deve ser maior em geradoras e em transmissoras como Eletrobras, Cesp e Transmissão Paulista, e menor nas distribuidoras como a CPFL”, diz. As ações de eletricidade, consideradas até agora papéis defensivos por excelência, deixarão de ser um porto seguro.
A volatilidade das cotações permanecerá elevada enquanto os analistas fazem contas e não ficar claro para o mercado e para as empresas como serão feitas as renovações de concessões e quais serão as contrapartidas com relação a isso. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) tem até março de 2013 para divulgar um estudo sobre o assunto. “Até lá, ficamos ao sabor de qualquer novidade que possa mexer com as ações”, afirma Karina. Para Zeno, uma coisa é certa: a máxima do mercado de que o setor elétrico é defensivo vai deixar de ser verdadeira. Pelo menos por um tempo – resta saber quanto.