03/10/2007 - 7:00
Basta passar pelo caixa, após uma compra na Drogaria São Paulo, a maior rede de farmácias do País, para a atendente dar o aviso, num tom de voz sempre firme. ?O senhor economizou […] centavos na compra. Tenha um bom dia.? O lembrete é um padrão e ajuda a tornar fiel o cliente que faz questão de economizar tostões a qualquer custo. Mas há uma turma que freqüenta farmácias mas não parece preocupada com descontos ou programas de fidelidade ? e esse público está se tornando predominante nas drogarias.
Ele não se importa em abrir a carteira na hora de escolher o creme de cabelos de R$ 60 ou o mais novo regenerador celular para a pele. É o consumidor que transformou o supérfluo em necessidade. Pois é para fisgar esse cliente que a Drogaria São Paulo, maior rede de farmácias do País, vai, discretamente, reformando lojas e desenhando uma nova cara para o próprio negócio.
R$ 1,2 BILHÃO é o faturamento previsto para 2007 da rede no País, hoje com 186 pontos e crescimento anual em 10%
?Já era o momento de fazermos uma nova reforma. Aproveitamos e mudamos alguns conceitos?, diz Marcus Paiva, diretor superintendente da rede.
Quinze lojas serão repaginadas neste ano, sendo que cinco já operam no novo modelo, batizado internamente de Drogaria São Paulo Max. Nesses pontos, o layout mudou drasticamente. Os produtos dermocosméticos ganharam maior espaço e posição nobre. Itens para beleza são chamariz em gôndolas iluminadas e abertas ao contato direto.
Para entender esse movimento da cadeia, basta comparar os números da São Paulo com os da concorrência. As vendas nas 21 lojas da negócio não é a venda do produto que dá prazer. O setor de beleza cresce e há oportunidades aí. Mas a Drogaria São Paulo manterá o foco no varejo de medicamentos?, afirma ele.
Isso não impedirá um cuidado especial junto aos consumidores interessados em produtos dermocosméticos. A partir de 1º de outubro, 20 consultoras de beleza para pele estarão em pontos da rede para aconselhar o cliente na hora da compra. Até o final de 2007, serão 50 moças espalhadas pelas lojas. Pelos cálculos da empresa, dos 186 pontos, uma centena passará por mudanças no portfólio de produtos cosméticos. Em 60 deles será vendida a linha completa desses produtos. Metade desse mix estará disponível em outras 40 unidades. Nas demais, a área de vendas não comporta um número Farmax, outra bandeira do mesmo grupo, cresce a dois dígitos anuais e essa expansão se dá, em parte, pelas vendas elevadas dos dermocosméticos. A Onofre cresce de 30% a 40% ao ano. A Drogasil vendeu 24% a mais até junho. Já na Drogaria São Paulo, a alta é menor. Neste ano deve chegar a 10%, com previsão de R$ 1,2 bilhão de receita em 2007. A mudança, porém, não será radical, avisa Paiva. ?Nosso alto de itens de beleza, sob o risco de poluir o ambiente. As lojas da cadeia têm em média, 250 metros quadrados.
Além disso, era necessário mudar sem perder o foco da operação. A Drogaria São Paulo, controlada pelo empresário Ronaldo Neves de Carvalho, quer continuar a ser reconhecida como referência em medicamentos, com preços agressivos no varejo de remédios. Especialistas do setor acreditam que o caminho é correto. ?Antes do tabelamento de preços, as redes conseguiam crescer.
Agora, é preciso buscar alternativas mesmo?, diz Nelson Barrizzelli, professor da Faculdade de Economia e Administração da USP, especializado em varejo.