12/11/2003 - 8:00
O mercado brasileiro ficou pequeno para quem investe em imóveis. Além do apartamento na cidade, da casa de campo e da de praia, muitos investidores estão em busca de empreendimentos no exterior. Para não perder receita nem clientes, algumas imobiliárias criaram serviços específicos para atender esse público. A clientela vai desde empresários com negócios fora do País até investidores que vêem o imóvel como uma nova oportunidade de ganhar dinheiro. A oferta é variada: são casas, prédios, hotéis e lofts. Vende-se de tudo em qualquer canto do mundo, da República Dominicana ao centro de Paris. Mas o investimento é alto. Não se compra um imóvel de frente para a Baía de Key Biscayne, na Flórida, ou com vista para a Cordilheira dos Andes, no Chile, por menos de US$ 150 mil. Apesar
do custo elevado, essa indústria de imóveis no exterior está apenas começando. Só em Miami, os brasileiros já compraram US$ 50 milhões em imóveis este ano.
A pioneira em vender imóveis fora do País é a corretora Coelho da Fonseca. A imobiliária criou até um serviço especializado para atender clientes de alta renda, o private broker. São 14 corretoras de imóveis, entre elas socialites como Teresa Fittipaldi e Maria Clara Bordon, responsáveis em atender o cliente vip e encontrar o imóvel ideal, no Brasil ou no exterior. Em julho, algumas delas passaram o mês no estande montado no Valle Nevado, no Chile, para vender o mais novo empreendimento da imobiliária, o Valle de La Luna. São apartamentos de 2 a 5 dormitórios de até 158 metros quadrados. ?É um prédio sofisticado no centro do Valle?, diz a arquiteta Sandra Pierzchalski, que visita todos os imóveis antes de colocar a placa de vende-se da Coelho da Fonseca. O prédio tem duas piscinas aquecidas, banheiras de hidromassagem e serviços de hotel. Conforme o tamanho do apartamento e a vista, o preço varia de US$ 196 mil a US$ 393 mil. Até agora, já foi vendido 40% do prédio, sendo que todos os apartamentos foram comprados por brasileiros.
Prédio inteligente. Outro empreendimento que tem atraído os investidores no Brasil é o Jade Residence, localizado em Brickell Bay, em Miami. Um apartamento de 80 metros quadrados, com um dormitório e um banheiro, custa US$ 520 mil. É o primeiro prédio inteligente de Miami, com instalação de home theater, internet sem fio e um sistema que controla desde o som e iluminação até o portão da garagem. ?Começamos a vender há sete meses e oito brasileiros já compraram?, comemora Letícia Coelho da Fonseca, que faz parte da equipe de private brokers da corretora. Com anúncios em jornais e uma rede de relacionamento de clientes vips, a equipe espera vender todos os apartamentos até o final do ano. ?É muito importante que o corretor circule, vá a festas. Só dessa forma consegue fechar um bom negócio?, afirma Álvaro Coelho da Fonseca, dono da imobiliária. Para atrair mais investidores, ele fechou parceria com a grife Daslu e vai encaminhar aos 35 mil clientes da loja uma revista especializada em imóveis de alto padrão, no Brasil e no exterior.
Com menos investimento em marketing, a imobiliária Valentina Caran mantém há um ano parceria com a corretora americana Elite International na venda de imóveis no mundo todo. ?Daqui, o cliente nunca sai sem fechar negócio?, diz Jair de Souza, sócio na imobiliária Valentina Caran. Até agora, seis imóveis já foram vendidos no exterior. O endereço mais procurado pelos brasileiros é a Flórida, especialmente em Coconut Grove e Brickell. A vantagem de comprar um empreendimento nos Estados Unidos é a possibilidade de parcelamento em até 30 anos. A taxa de juros
é bem menor do que no Brasil: de 6% ao ano. A operação de com-
pra é simples. O contrato deve ser assinado no local onde está o imóvel e depois basta efetuar o pagamento via transferência num banco no Brasil. ?Desde a nova legislação de 1998, ficou fácil
adquirir imóveis fora do Brasil?, diz Leo Emanuel, sócio da Elite International. Basta ter dinheiro.