19/02/2010 - 0:01
Nenhum outro setor da economia brasileira passa por mudanças tão intensas quanto o de saúde privada. Algumas empresas faliram, outras compraram ou se uniram a alguma concorrente e um terceiro grupo passou pelo desafio de abrir o capital. A única impossibilitada de participar da fase de consolidação é o Sistema Unimed do Brasil.
Esse grupo de empresas, que envolve um total de 377 cooperativas que faturam juntas R$ 21 bilhões, sofre justamente por seu tamanho excessivo. Cada uma dessas cooperativas é administrada de forma independente, o que resulta num emaranhado de companhias que possuem em comum apenas o mesmo nome.
?Queremos agora centralizar as operacões nas unidades mais eficientes?
Eudes Aquino presidente da Unimed Brasil
?Esse modelo é muito complexo?, diz o médico Eudes de Aquino, presidente da Unimed Brasil. Quando o sistema foi criado pelo também médico Edmundo Castilho, em 1967, a ideia de unidades autônomas espalhadas pelo Brasil era revolucionária, pois possibilitava à empresa atuar de acordo com as particularidades de cada região. Com o crescimento do setor e o consequente avanço da concorrência, esse tipo de estrutura tornou-se ineficaz. Hoje, diz Aquino, a Unimed é uma empresa engessada.
Mas a companhia decidiu se mexer. Aquino lidera um plano de reestruturação que prevê uma transformação no modelo de negócios da Unimed. O primeiro passo é unificar áreas consideradas estratégicas. ?Criaremos em 2010 uma central de compras?, diz o médico. ?Nossa objetivo é ganhar escala e, assim, negociar preços melhores?.
Segundo ele, a simples medida fará com que a empresa reduza seus custos em até 25%. Outra mudança é a transferência da gestão dos negócios para as unidades mais rentáveis. De acordo com o executivo, é uma forma de proteger toda a operação e fazê-la ganhar musculatura num momento de consolidação do segmento.
?Para nós, será melhor centralizar as decisões em operadoras mais eficientes?, diz Aquino. Por enquanto, a mudança afetou poucas unidades. Segundo especialistas do setor, iniciativas como essa já deveriam ter sido tomadas há muito tempo. ?Não adianta estar em todo canto do País se não houver uma gestão inteligente das cooperativas?, afirma Claudinei Santos, diretor da pós-graduação da ESPM e especialista no setor de saúde.