A fabricante de medicamentos inglesa AstraZeneca fez um acordo de distribuição com a indiana Torrent Pharmaceuticals. A britânica Glaxo SmithKline comprou 16% da sul africana Aspen Pharma. 

O grupo francês Sanofi-Aventis pagou R$ 1,5 bilhão pela brasileira Medley. E a americana Pfizer gastou US$ 400 milhões por uma fatia de 40% na também brasileira Teuto. Em comum, esses gigantes da indústria farmacêutica investiram em empresas que apostam em medicamentos genéricos. Esse interesse é facilmente compreendido. 

 

25.jpg

Andreas Fibig: a Bayer vai investir e 8 milhões na área de pesquisas da filial brasileira em 2011 

 

As vendas de remédios sem marca devem gerar negócios de US$ 212 bilhões em 2014, segundo projeções da consultoria americana IMS Health. Nos próximos quatro anos, o crescimento médio anual dessa área deve ser de 11% ao ano. 

 

Setores como medicamentos com marca ou similares devem ter uma expansão média de 5,3% ao ano. Apesar disso, há ao menos uma grande companhia farmacêutica que é uma estranha neste nicho. E por opção. 

 

É a Bayer HealthCare, divisão farmacêutica da alemã Bayer, que fatura 11 bilhões de euros e tem 38 mil funcionários mundialmente. “Apostamos em dois pilares para crescer: inovação e o poder natural de expansão nos mercados emergentes, com foco na China e no Brasil”, disse Andreas Fibig, presidente mundial da Bayer HealthCare Pharmaceuticals, à DINHEIRO. 

 

26.jpg

Theo van der Loo: ”Preferimos ser melhores em inovação”   

 

Trata-se de uma aposta arriscada. A descoberta de um novo medicamento pode levar entre dez e 12 anos até chegar ao mercado, segundo a Bayer, que investe entre 15% e 17% das suas receitas em pesquisa e desenvolvimento, a cada ano. O custo de P&D é da ordem de bilhões de euros para cada medicamento descoberto e colocado no mercado. 

 

E mais: de cada dez mil substâncias, apenas uma vai se transformar em um remédio que chegará às gôndolas das farmácias. Tome como exemplo o anticoagulante Xarelto, da Bayer. Lançado em 2010, ele consumiu investimentos de 2 bilhões de euros. Mas essa estratégia tem suas compensações. Líderes de vendas da Bayer como o Avalox, para tratamento de doença pulmonar crônica, e o Nexavar, para câncer de rim e fígado, rendem entre e 500 milhões e e 700 milhões por ano à companhia. Desde que foram lançados, em 2000 e 2005, respectivamente, eles já geraram e 8,5 bilhões aos cofres da farmacêutica alemã.

 

“Preferimos ser melhores em inovação”, diz Theo van der Loo, que assumiu em janeiro a presidência da subsidiária brasileira, depois de passar pela filial espanhola da companhia. “O mercado de genéricos está se consolidando e há muita concorrência  nessa área.”

 

Com o objetivo de reforçar sua estratégia, a Bayer anunciou um investimento de e 8 milhões na área de pesquisas da subsidiária brasileira – o dobro do volume aplicado em 2010. 

 

27.jpg

 

 

Oncologia, doenças femininas e cardiologia são algumas das prioridades dos pesquisadores brasileiros. O primeiro deles é um dos segmentos em que há ainda grande espaço para descobertas de cura, acredita Marcos Macedo, diretor da consultoria IMS Health para a América Latina. 

 

Em sua opinião, o investimento em inovação só dará retorno para os que apostarem suas fichas em áreas carentes de alternativas para tratamento, como é o caso do mal de Parkinson, Alzheimer, hepatite, artrite reumatoide e doenças raras. 

 

“As pessoas estão dispostas a pagar o que for para se curar”, diz Macedo. Uma descoberta importante em algum desses nichos poderá gerar lucros para a empresa durante 20 anos – o tempo que dura uma patente. 

 

Além de fortalecer a área de pesquisas, a Bayer vai também ampliar sua presença no interior do País por meio da contratação de mais propagandistas, que visitam consultórios médicos levando informações dos produtos da companhia. 

 

Atualmente, a companhia conta com 600 profissionais atuando nessa área no Brasil. Até 200 novos pesquisadores podem ser contratados. “Ainda estamos estudando essa estratégia e sua implementação depende de uma série de fatores”, diz Loo.