19/11/2008 - 8:00
ELA É ALEMÃ, CAsada há 18 anos, mãe de três crianças e leva uma vida pacata. Susanne Klatten, de 46 anos de idade, a herdeira do grupo BMW e do grupo químico Altana, com uma fortuna estimada em US$ 16 bilhões, era uma figura quase desconhecida do grande público. Recentemente, a revista americana Forbes publicou uma reportagem intitulada “As multimilionárias que você nunca ouviu falar”. Susanne Klatten estava lá. Reclusa, ela não dá entrevistas e, em vez de dirigir um carrão BMW pelas ruas, prefere a discrição com o pequeno Mini Cooper. Mas, na última semana, a redoma de vidro que protegia sua vida particular se partiu em pedaços e sua privacidade foi escancarada da pior maneira. Seduzida pelo suíço Helg Sgarbi, de 43 anos, ela se viu no meio de uma chantagem que lhe custou 7,5 milhões de euros. Sgarbi, com 1,85 metro de altura, cabelos loiros e olhos azuis, fazia parte de uma quadrilha que extorquia mulheres ricas. Ele conheceu Susanne no bar de um hotel de luxo na cidade de Insbruck, na Áustria, em agosto de 2007 e, até outubro do mesmo ano, teve diversos encontros sexuais com a mulher mais rica da Alemanha. Avessa às câmeras, quem diria, foi filmada em momentos íntimos pelos comparsas de Sgarbi, instalados no quarto ao lado do quarto do casal, no hotel Holiday Inn, de Munique. Não demorou muito para que o gigolô se aproveitasse da fragilidade de sua presa.
A primeira extorsão aconteceu em setembro, um mês depois que se conheceram. Sgarbi procurou Susanne dizendo que havia atropelado uma criança americana, supostamente filho de um mafioso. Caso não pagasse 7,5 milhões de euros para o “pai” da criança, seria assassinado. Susanne acreditou na história e entregou-lhe o dinheiro em uma maleta recheada de euros.
“O SUÍÇO HELG SGARBI, O AMANTE DA BILIONÁRIA, CONSEGUIU QUE ELA LHE DESSE 7,5 MILHÕES DE EUROS”
O romance entre o gigolô e a herdeira durou mais algumas semanas, até que ela decidiu pôr um fim na relação. Ganancioso, Sgarbi, então, passou a ameaçar Susanne. Ele pediu 50 milhões de euros para não espalhar as fotos e vídeos picantes dos dois. Furiosa com a chantagem, ela chamou a polícia e, no local marcado para a entrega do dinheiro, Sgarbi foi preso. Isso aconteceu há dez meses, e só agora é que a notícia veio a público. Descobriu-se depois que Sgarbi teria feito o mesmo com outras três milionárias – o que havia lhe rendido cerca de 10 milhões de euros. Esse dinheiro, contudo, não ia diretamente para sua conta bancária. Grande parte da fortuna amealhada com chantagens sórdidas era destinada ao italiano Ernano Barreta, de 63 anos. Barreta, que é dono de um luxuoso hotel em Pescosansonesco, na região de Pescara, na Itália, é conhecido por ser um charlatão, líder de uma pequena seita religiosa cujos seguidores lhe prestam favores sexuais e contribuem com polpudas quantias de dinheiro. Sgarbi, que na verdade é casado, era um dos seus discípulos.
Depois da primeira extorsão, Sgarbi quis mais dinheiro e pediu ? 50 milhões para Susanne. Furiosa, ela chamou a polícia
Barreta pediu que Sgarbi fizesse o trabalho sujo porque, diferentemente de Susanne, rica desde que nasceu, precisava sustentar seu estilo de vida nababesco. Quando os policiais o prenderam, encontraram mais de dez carros, como Lamborghini, Rolls-Royce, Ferrari e Porsche, na garagem de sua casa. Ainda acharam mais de 1,7 milhão de euros em vários esconderijos. Barreta e sua família também possuem investimentos em paraísos fiscais e diversos imóveis. Ao ser preso, o líder da quadrilha disse que armou a extorsão para se vingar da família de Susanne, que ganhou muito dinheiro ao apoiar os nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Susanne, que hoje usa o sobrenome do marido, o engenheiro Jan Klatten, é descendente de uma das maiores dinastias do capitalismo alemão: os Quandt. Seu avô, Günther Quandt, fez fortuna no século passado com uma empresa do ramo têxtil e seu pai aumentou os negócios da família ao investir na BMW em 1959. Ao morrer, em 1982, ele deixou 47% do grupo para sua mulher e para os filhos Susanne e Stefan. Conhecidos nas reportagens sobre economia, agora são notícia nas páginas policiais.
