23/04/2008 - 7:00
FOI UM NAMORO LONGO, com cenas de traição pública, e acabou em casamento. Na segunda-feira 14, Delta Air Lines e Northwest Airlines anunciaram a união das duas empresas e a criação, com isso, da maior companhia aérea do mundo. A Delta (como a nova empresa será chamada) surge com faturamento de US$ 31,7 bilhões, lucro de US$ 974 milhões, 802 aeronaves e 175 milhões de passageiros. Mas o que foi anunciado como fusão tem todo o jeito de ser uma compra de ativos. A Delta se comprometeu a pagar US$ 1,25 por cada ação da Northwest, ou 17% acima do preço de fechamento da sexta-feira anterior. Vai desembolsar na operação US$ 3,1 bilhões. A companhia terá como CEO o atual presidente da Delta, Richard Anderson, e o Conselho de Administração recém-criado terá sete membros ligados à Delta e cinco da Northwest ? o 13º da lista será membro da associação de pilotos. Anderson chama a operação de ?um tipo diferente de fusão?. ?Não há dúvida de que foi uma aquisição?, diz o analista setorial Robert Mann.
A NOVA EMPRESA TERÁ US$ 31.7 BILHÕES
DE RECEITA ANUAL E MAIS DE 800 AERONAVES
O aumento nos preços dos combustíveis (60% em 2007) e a redução na demanda comprimiram a rentabilidade. Desde 2001, com o atentado às Torres Gêmeas, a indústria perdeu US$ 29 bilhões e o quadro de funcionários no setor encolheu em 150 mil pessoas nos EUA. Na Delta, a receita sobe, mas a margem operacional está estagnada deste 2006 e ficou negativa no último trimestre do ano. A Northwest saiu do prejuízo no ano passado, mas o volume de vendas e a margem não sobem há dois anos. ?É uma tentativa de ambas tornarem- se mais rentáveis explorando juntas as rotas mais lucrativas?, afirma Jim Corridore, analista da Standard & Poor?s. O risco desses meganegócios é acabar criando uma grande empresa-problema. ?Fusões no setor aéreo já se provaram ser mais caras e confusas do que se imagina?, diz Ray Neidl, analista da Calyon Securities. ?As duas empresas não têm o mesmo tipo de aeronave e isso exige altos gastos em manutenção. E elas pretendem até ampliar benefícios aos pilotos para que apóiem o negócio?, diz Mann. Pelo jeito, Delta e Northwest ainda vão ter dor de cabeça pela frente. (A.M.)