Ao morrer aos 95 anos de idade, o líder sul-africano Nelson Rolihlahla Mandela, mais conhecido entre seus conterrâneos como Madiba, deixou aos herdeiros uma casa de luxo em Johannesburgo, uma residência modesta na zona rural e royalties de livros, como a biografia Longa caminhada até a liberdade (editado no Brasil pela Nossa Cultura). Mas o bem mais valioso que ele deixou é imaterial: sua marca. Há toda sorte de produtos lançados por gente querendo tirar uma casquinha de Mandela, o líder que implodiu o apartheid na África do Sul. Há desde pôsteres políticos até vinhos, passando por roupas, objetos de decoração, estabelecimentos comerciais, entre outros. 

 

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?Na África do Sul, Mandela pode até sofrer alguma rejeição, mas para o mundo ele é a entidade antiapartheid, que lutou pela liberdade?, afirma Douglas Zela, professor de marketing do centro universitário FAE, de Curitiba. O controle sobre o legado divide uma série de atores. A numerosa família de Mandela, que teve seis filhos e dois enteados, o Congresso Nacional Africano (CNA), partido político de situação na África do Sul, e a Fundação Nelson Mandela (FNM) são donos cada um de um quinhão dessa herança. Com receita anual de US$ 2,2 milhões, a FNM é dona de produtos e de dezenas de direitos autorais que ajudam a manter trabalhos de caridade que envolvem direitos de crianças e outras bandeiras. 

 

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Tem de tudo: Marca Mandela ajuda a vender desde vestuário, como a grife 46664,

até tênis e vinhos, como o House of Mandela (abaixo), de uma das filhas do líder 

 

Um dos itens mais famosos sob a responsabilidade da fundação é a linha de roupas 46664, grife com o registro prisional de Mandela na ilha de Robben. A marca diz em seu site que a venda das roupas ajuda projetos diversos ? da luta do HIV a motociclistas filantrópicos que percorrem a África. Mas nem tudo é boa vontade ao redor de Mandela. Neste ano, veio a público uma batalha legal envolvendo suas filhas, Makaziwe e Zenani. Elas não queriam que o advogado George Bizos, amigo de Madiba de longa data, e a FNM cuidassem de sua herança. A disputa começou em 2005 e, segundo Bizos, Mandela teria ficado furioso quando soube dela. 

 

Makaziwe já tirou proveito do parentesco com o patriarca. Ela e uma de suas filhas lançaram o vinho House of Mandela (Casa de Mandela). A empresa foi criada apesar de Mandela não gostar de ter seu nome associado ao álcool. Outros netos também se aproveitaram. Em 2010 foi criada a marca de bonés e camisetas ?Long Walk to Freedom? (nome original da biografia de Mandela), comandada pelo neto Zinhle Dlamini. Além disso, as netas Zaziwe e Swati são protagonistas de um reality show criado neste ano chamado Being Mandela, exibido pelo canal digital americano Cozi TV. A marca Mandela não é explorada exclusivamente pela família. 


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Por todos os lados: Mais de 40 empresas usam o nome do ex-presidente da África do Sul, como o restaurante

abaixo. Há também suvenires apócrifos, como abajures de gosto duvidoso  

 

Há ao menos 40 empresas registradas na África do Sul que usam o nome do ex-presidente. Nesse grupo estão a Thanks Mandela, de artigos de higiene pessoal, e o restaurante Mandela?s Shed. Madiba, o modo mais comum pelo qual os sul-africanos se referem a Mandela e o nome do clã ao qual ele pertencia, tem mais de 100 registros, entre eles o Frango Madiba. Fora da África a marca tambem é explorada ? há um Mandela Burger vendido na Dinamarca, por exemplo. Apesar dessa superexposição, Mandela nunca deu bola para quem usasse seu nome. Ele e sua fundação raramente processaram pessoas e empresas que fizeram uso indevido da marca. Segundo Verne Harris, diretor da FNM, cerca de 50 empresas ganharam permissão oficial de Madiba. ?Somente na década passada houve um código de conduta para essas instituições?, disse Harris à agência de notícias Reuters. 

 

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