O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro vai surpreendendo positivamente, apesar das expectativas contrárias. Movido por emprego em alta, renda e benefícios sociais, ele vai mudando de patamar, contribuindo para a baixa dos juros e mesmo da inflação. A alta de 0,8% no primeiro trimestre, aliada a outros fatores positivos, tem gerado apostas de resultados mais robustos, na casa dos 2,5% para o ano. Algo inesperado, como também ocorreu com os números de 2023. Em se confirmando a previsão, o Brasil pode cravar o melhor desempenho trienal desde 2011-2013. E é algo a ser bastante comemorado frente à apatia que tomou conta da economia brasileira nos últimos tempos.

A questão hoje é saber se esta retomada irá se manter, se possui sustentabilidade. Evidentemente ainda não está se falando de um desempenho de encher os olhos. Mesmo assim, ele está bem além do que se verificou na gestão anterior ou mesmo na década passada. Incertezas mais recentes, como a provocada pela tragédia do Rio Grande do Sul, devem impactar negativamente a conta final, não há dúvida. Talvez seja esse fator, ainda não totalmente dimensionado, aquele que será preponderante ao final — afetando o bom ciclo. A catástrofe torna insustentável a peça orçamentária e, por consequência, gera reflexos no PIB. Assim como o cenário internacional e projeções da dívida pública.

As incertezas podem ser em parte abrandadas com um compromisso tácito do governo de perseguir a responsabilidade fiscal, provocando assim maiores investimentos que impulsionem o motor da produção. De certa forma, o crescimento que realmente faz a diferença, o da renda per capita, está decerto em bom ritmo, e é isso que deixa todo cenário mais favorável. Será possível no futuro manter o mesmo ritmo especialmente nesse pormenor? Um grande ponto de interrogação se coloca como resposta. Mas os fatores em curso, da retomada industrial à abertura de novas vagas em áreas que estão sendo desenvolvidas, como a da Inteligência Artificial, contribuem na direção positiva.

No curto prazo, fatores circunstanciais não devem prejudicar o que parece ser uma nova era para o PIB brasileiro, mais alvissareira, robusta e com perspectivas em diversas direções. Tome-se, por exemplo, a condição do País de celeiro do mundo e também reserva sustentável de crédito de carbono. Essas são as novas fronteiras do desenvolvimento e tendem a gerar ainda mais frutos ao mercado nacional — de maneira acelerada. Alguns analistas apontam a possibilidade de uma desinflação prolongada com a ampliação da oferta de produtos agrícolas no médio e longo prazo. A conferir. Todavia, não há nada do que se reclamar em relação ao PIB apresentado até aqui. Consumo e serviços andam em alta. Capacidade industrial, idem. O varejo comemora. As exportações, por sua vez, estão robustas e com perspectivas de subida. É o que se pode chamar de conjunção positiva dos fatores capazes de empurrar o motor econômico. É evidente que não se pode esquecer do necessário enxugamento da máquina pública, que tem sido extremamente custosa e atrapalha qualquer meta mais ambiciosa no tocante ao PIB. Não é razoável o que o Brasil tem de carregar nesse aspecto.