A sueca Tetra Pak mantém há décadas a hegemonia absoluta no mercado brasileiro de embalagens longa vida. Estima-se que ela detenha 95% desse segmento, que movimentou US$ 1 bilhão em 2010. Nas gôndolas dos supermercados, sua marca pode ser vista nas caixas de leite e de sucos, em extratos e polpas de tomate e até na seção de vinhos. Mas o domínio da Tetra Pak está prestes a sofrer um primeiro abalo. 

É que a suíça SIG Combibloc, que detém 5% do mercado local, vai inaugurar no começo de junho sua primeira fábrica no Brasil, um investimento de E 90 milhões (R$ 208 milhões). A unidade, que fica em Campo Largo (PR), a 30 quilômetros de Curitiba, vai fabricar um bilhão de embalagens em 2011. Em 2013, a previsão é dobrar a capacidade de produção. “Começaremos com a capacidade total tomada”, disse à DINHEIRO Ricardo Rodriguez,  presidente da SIG Combibloc na América do Sul.

 

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Ricardo Rodriguez: a empresa já tem BR Foods e Schincariol como clientes no mercado brasileiro

 

Apesar de estar presente no Brasil desde 2003, a empresa, dona de um  faturamento global de E 1,35 bilhão, operava importando os seus produtos. A TetraPak, no País desde 1957, conta com duas fábricas e oito escritórios de vendas. Agora, com sua unidade fabril, a SIG Combibloc espera ganhar agilidade para conquistar novos clientes. “Sem dúvida haverá ganho de eficiência na entrega das embalagens, fator importante para ganhar clientes”, diz Graham Wallis, diretor da consultoria Datamark. 

 

Rapidez, no entanto, não é o único trunfo da empresa suíça para enfrentar a Tetra Pak. A SIG também aposta na inovação para aumentar sua carteira de clientes, que já conta com nomes como BR Foods e Schincariol. Um exemplo disso é o trabalho que foi desenvolvido para a cooperativa gaúcha que fabrica produtos à base de leite e de carnes Frimesa. “Criamos uma embalagem de leite condensado que pode ser aberta com as mãos”, afirma Rodriguez. Do departamento de pesquisa, cujo centro está na Alemanha, não saem apenas embalagens, mas também conceitos de produtos. 

 

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Recentemente, a SIG desenvolveu um sistema que permite o acondicionamento de bebidas com pedaços de frutas e cereais. Segundo uma fonte do setor, todo esse esforço deverá incomodar a concorrência. “Não vejo diferença tecnológica expressiva entre Tetra Pak e SIG Combibloc”, diz. “A luta pelo mercado ficará na área comercial.”