02/12/2009 - 8:00
“Não gosto de nada fixo. Quero estar em vários lugares ao mesmo tempo. Até fora do Brasil“
Luiza Setubal, dona da Lool
Em maio deste ano, quem passava pela rua da Consolação, uma das vias mais movimentadas da cidade de São Paulo, ficava intrigado com a presença de um trailer estacionado ali. Houve quem pensasse que se tratava de um novo restaurante, uma discoteca ou até algum serviço de informações da prefeitura. Nada disso.
A grande surpresa estava na entrada: uma invasão de cores, penas e pedras unidas a colares, cintos, bolsas, chapéus e outros penduricalhos. No atendimento, uma simpática moça de cabelos ruivos recebia os clientes procurando encontrar o acessório que mais se encaixava ao estilo de cada um.
Ninguém desconfiou, mas aquele trailer era uma loja itinerante e a simpática vendedora que recebia as pessoas era ninguém menos que Luiza Setubal, neta de Olavo Setúbal e uma das herdeiras do banco Itaú. O trailer, na verdade, serviu de ponta de lança para a sua grife de acessórios, a Lool. “Não gosto de nada fixo. Quero estar em vários lugares ao mesmo tempo. Até fora do Brasil”, diz a jovem empresária de 25 anos de idade.
Não é de se espantar que a sua loja, inaugurada no shopping Iguatemi, em agosto, vá fechar as portas em janeiro de 2010. Isso porque ela adotou um modelo de negócios batizado de pop-up store, em que as lojas têm data marcada para inaugurar e para fechar.
Assim, a ideia de Luiza é levar sua marca para dezenas de cidades. A próxima parada será em Trancoso, na Bahia, onde ela vai dividir uma loja com outras três marcas no Quadrado, o pedaço mais badalado da cidade baiana. Quando o verão terminar, Luiza fará as malas novamente e porá as peças em um novo trailer.
“A loja já está até ficando pequena para tantas peças. Vou alugar um trailer maior e viajar com a Lool para diversas cidades do interior de São Paulo”, conta. E Luiza não para por aí. Com peças cujos preços variam de R$ 160 a R$ 3 mil, ela quer consolidar sua marca de acessórios e vender joias no atacado até 2011.
“O nosso diferencial é ter peças com desenhos exclusivos”, diz Luiza. Formada em relações públicas pela Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), ela trabalhou em agências de publicidade e foi produtora de moda. Até que um dia encontrou sua verdadeira vocação: ser empresária do ramo da moda. Voltou a estudar e contratou uma consultoria para auxiliá-la na tarefa. Fez diversos cursos no Senac, na Escola São Paulo, e teve professores como o estilista TufiDuek, o criador da Forum.
Escolheu atuar no mercado de acessórios, pois sentiu que era nele que faltava uma multimarca do gênero que ela criou. Até conseguir abrir uma empresa, muita gente chegou a duvidar que sua loja fosse real. “Fiz tudo com minhas economias. No começo ouvi de tudo, até que minha loja era ‘gato'”, conta Luiza, lembrando-se do início, quando ainda não tinha uma empresa registrada. “A loja de Luiza tem tudo para dar certo.
O fato de ser itinerante estimula o público à compra imediata”, explica Andréia Miron, professora do curso de moda da Faculdade Santa Marcelina. Apesar de ostentar o sobrenome que é sinônimo de finanças, Luiza nunca quis trabalhar no banco da família. “Em casos de empresários de famílias tradicionais, o ideal é desvincular uma atividade da outra.
Ninguém precisa esconder suas origens, mas o ideal é agir de forma independente”, aponta Pedro Podboi Adachi, sócio da consultoria Societàs. E é isso que Luiza tem feito. “O nome pode até abrir portas. Mas não é determinante para o sucesso. Um bom trabalho conta muito mais” diz a professora Andréia.