19/04/2013 - 21:00
A combinação extenuante de inflação em alta, contas descontroladas, falta de produtos nas gôndolas e PIB estagnado já levou grandes economias às portas da falência. E continua a ocorrer, especialmente entre os países europeus. Quando esse coquetel se aplica a um país que há décadas vive basicamente de uma única receita (o petróleo), convive com carências sociais históricas e segue sem planejamento, a situação assume contornos de crise iminente. Esse pode ser o caso da Venezuela que, do lado de cá dos trópicos, acaba de emergir, fragilizada, das urnas.
A piorar o quadro, o candidato escolhido para presidir a nação, Nicolás Maduro, venceu por uma margem apertadíssima, quase milimétrica, de votos – o que deu musculatura à oposição para barrar suas propostas e travar eventuais reformas. Maduro não é Chávez, todos sabem. Não possui seu carisma, sua eloquência, muito menos o poder de iludir massas alegando que o país vai bem quando está mal. Chávez conseguia isso na base de custosos programas populares, estatismo e gastança desenfreada para bancar a tal “Revolução Bolivariana”. Abriu um rombo impagável no caixa. A herança é pesada para Maduro. E, por tabela, deverá prejudicar parceiros vizinhos como o Brasil, que fez crescer seu comércio nessa via bilateral por amizade política com o antigo caudilho.
Setores empresariais que atuam na Venezuela já desenham um cenário sombrio para breve. Querem garantias para seus contratos. Temem o calote e estão revendo planos de investimentos ali. A insatisfação com os rumos econômicos daquele mercado é visível nas ruas. O desemprego aumenta. A criminalidade, idem. A inflação já ultrapassou a casa dos assombrosos 27% ao ano. O déficit público se encontra na faixa de 15% do PIB. Uma desvalorização acentuada da moeda local deixou a população ainda mais pobre e carente de itens básicos. E novas revisões cambiais estão a caminho para compor o cenário de penúria. A questionável liderança de Maduro será, mais do que nunca, posta à prova. E ele terá de pedalar muito para engatar ritmo àquele mercado. O sinal de alerta está aceso.