A escolha do embaixador Antonio Patriota para comandar o Ministério de Relações Exteriores não chega a ser uma surpresa – ele já ocupa o cargo de secretário-geral, o segundo mais importante do Itamaraty. 

 

Mas marca uma virada na atual política externa brasileira, especialmente nas relações com os Estados Unidos, onde Patriota serviu como embaixador antes de ser chamado pelo chanceler Celso Amorim para voltar a Brasília. 

 

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A visão de Antonio Patriota: tendência de uma relação muito mais

pragmática e menos ideológica com os Estados Unidos

 

“As relações com os Estados Unidos vão se tornar mais pragmáticas e mais baseadas na economia do que na política”, diz o cientista político David Fleischer, professor da Universidade de Brasília. 

 

Neste ano, o volume de investimentos brasileiros no mercado americano, com empresas como Ambev, JBS e Petrobras, é maior do que os investimentos dos EUA no Brasil. Com 56 anos, Patriota é casado com uma americana e ocupou cargos importantes no Itamaraty na gestão Amorim, de quem é bastante próximo. Antes de ir para Washington foi chefe de gabinete do ministro e subsecretário-geral político.

 

Além da facilidade para refazer as pontes com o governo americano, Patriota também deve abandonar posições polêmicas, como a aproximação com o Irã. “Não é uma mudança de direção, mas de postura. 

 

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O novo governo deve ter uma postura de mais sobriedade”, avalia Roberto Abdenur, que antecedeu Patriota em Washington. Uma maior aproximação com o governo americano também deve ajudar o Brasil a retomar o seu pleito pela reforma do Conselho de Segurança da ONU e um assento permanente. O presidente Barack Obama convidou Dilma para visitar o país antes mesmo da posse, mas ela recusou, alegando falta de tempo.

 

Além do novo chanceler, outros nomes já foram escolhidos por Dilma. O senador Edison Lobão deve voltar ao Ministério das Minas e Energia, e o ministro Wagner Rossi deve continuar na Agricultura. 

 

Dilma também completou o time palaciano com Antônio Palocci na Casa Civil, Gilberto Carvalho na Secretaria-Geral da Presidência e a manutenção de Alexandre Padilha nas Relações Institucionais. Paulo Bernardo deve ir para as Comunicações, José Eduardo Cardozo para a Justiça e Nelson Jobim continuará na Defesa. O ex-senador Aloizio Mercadante deve assumir o Ministério de Ciência e Tecnologia.