04/12/2014 - 23:34
A União de Nações Sul-Americanas (Unasul) adotou, durante reunião no Equador, a “cidadania sul-americana”, primeiro passo desde o estabelecimento da livre mobilidade de seus 400 milhões de habitantes, disse nesta quinta-feira o secretário do bloco, Ernesto Samper.
“Aprovamos o conceito de cidadania sul-americana”. Este deveria ser o maior registro do que ocorreu na reunião da Unasul que aconteceu em Guayaquil e que continuará na sexta-feira em Quito, segundo o ex-mandatário colombiano.
Durante a inauguração do evento, Samper acrescentou que, a partir desta decisão, os sul-americanos poderão – em um prazo não fixado – circular, estudar e trabalhar na região, além de homologar títulos profissionais.
O secretário recordou que os membros do Mercosul (Argentina, Brasil, Bolívia, Paraguai, Uruguai e Venezuela) já contam com um visto de residência e de trabalho, que seria similar ao passaporte sul-americano que pretende criar.
“O direito ao passaporte sul-americano (similar ao Schengen na União Europeia) poderia ser o registro mais importante” da reunião no Equador, destacou Samper.
“Se a região lutou por 50 anos pelo estado social de direito, creio que nos próximos anos vamos ter que continuar lutando pelo direito social de estado”, apontou.
O presidente do Equador, Rafael Correa, afirmou que o acordo que fará a região avançar para uma “cidadania sul-americana confirma nossa união” e a convergência das diferentes iniciativas de integração sub-regional.
Na quarta-feira, durante um seminário anterior à reunião de dois dias, o secretário da Unasul antecipou que a livre mobilidade deve ser complementar a uma política de defesa dos imigrantes.
“Existem 26 milhões de sul-americanos ao redor do mundo. Eles têm sido muito maltratados”, disse.
Com um território de 18 milhões de km2, a Unasul agrupa 12 países com grandes reservas mundiais de petróleo e energia hidrelétrica.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, fez um apelo à retomada da agenda econômica para que “possamos nos tornar um bloco poderoso”, e também defendeu a ampliação dos programas de defesa, com a criação de um sistema de formação de militares sul-americanos com “nossa própria doutrina”.
O presidente do Uruguai, José Mújica, advertiu que “não haverá integração sem compromisso e vontade política porque os obstáculos do mundo são enormes”.
A Unasul é integrada por Brasil, Argentina, Bolívia, Colômbia, Chile, Equador, Guyana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela.
Do encontro em Guayaquil participam os presidentes da Argentina, Cristina Kirchner; Chile, Michelle Bachelet; Uruguai, José Mujica; Venezuela, Nicolás Maduro; Peru, Ollanta Humala; e Suriname, Desiré Bouterse.