A comunidade internacional precisa mobilizar uma robusta resposta ao crescente endividamento de países em desenvolvimento, para evitar que essas economias enfrentem uma nova “década perdida”. O apelo é da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad, na sigla em inglês), em relatório anual de perspectivas.

No documento, a entidade explica que a combinação de choques econômicos – da pandemia de covid-19 à guerra na Ucrânia – restringiu a capacidade de governos de obter recursos. O fenômeno foi particularmente amplificado pela escalada dos juros, a instabilidade de taxas de câmbio e a volatilidade do fluxo de capital.

“Essas dificuldades são ainda agravadas pelo fato de que, em muitos casos, os investidores estrangeiros estão retirando seu capital, as reservas estrangeiras diminuíram e, finalmente, os custos dos empréstimos aumentaram”, ressalta a instituição.

A solução para esse problema envolve uma ampla reavaliação da arquitetura global de dívida, na visão da Unctad.

Segundo o órgão, o apoio de liquidez a bancos implementado pelos Estados Unidos após a quebra do Silicon Valley Bank (SVB), no mês passado, supera os recursos oferecidos a países em desenvolvimento por meio dos Saques de Direitos Especiais (SDR, na sigla em inglês).

Por isso, a Unctad defende aumento das emissões de SDRs, diante de projeções que apontam para uma perda combinada de US$ 800 bilhões em renda para as nações em desenvolvimento.

A instituição argumenta que os mecanismos para lidar com crises de dívidas precisam ser justos tanto para credores quanto para os países. Também advoga pela criação de uma base global que reúna dados sobre os passivos dessas economias.