Paralelamente à corrida internacional pela busca de uma vacina contra o novo coronavírus, várias opções de medicamentos e atenuantes da doença têm chegado à tona. Nesta quinta-feira, 19, a Universidade de Birmingham, no Reino Unido, publicou que um spray nasal que pode fornecer proteção eficaz contra a covid-19 foi desenvolvido por seus pesquisadores, usando materiais já aprovados para uso em humanos. “Uma equipe do Healthcare Technologies Institute da Universidade formulou o spray usando compostos já amplamente aprovados por órgãos reguladores no Reino Unido, Europa e Estados Unidos. Os materiais já são amplamente utilizados em dispositivos médicos, medicamentos e até produtos alimentícios”, detalhou a instituição.

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Na prática, isso significa que os procedimentos complexos normais para levar um novo produto ao mercado tendem a ser simplificados. A expectativa da universidade é a de que o spray possa estar disponível comercialmente “muito rapidamente”. “Este spray é feito de produtos prontamente disponíveis que já estão sendo usados em produtos alimentícios e medicamentos e nós propositadamente incorporamos essas condições em nosso processo de criação. Isso significa que, com os parceiros certos, podemos iniciar a produção em massa dentro de semanas”, previu Richard Moakes, o principal autor do artigo.

O estudo, que ainda não revisado por pares, descreve experimentos de cultura de células projetados para testar a capacidade da solução de inibir a infecção. Os pesquisadores descobriram que as culturas de células-vírus inibiram a infecção em até 48 horas após serem tratadas com a solução e quando diluídas várias vezes.

Conforme a universidade, o spray é composto por dois polímeros polissacarídeos. O primeiro, um agente antiviral chamado carragenina, é comumente usado em alimentos como espessante, enquanto o segundo, uma solução chamada gelano, foi selecionado por sua capacidade de aderir às células dentro do nariz. “O gel é um componente importante porque tem a capacidade de ser pulverizado em gotículas finas dentro da cavidade nasal, onde pode cobrir a superfície uniformemente e permanecer no local de aplicação, em vez de deslizar para baixo e para fora do nariz”, explicou.

O spray funciona de duas maneiras. Primeiro, porque reveste o vírus dentro do nariz, de onde pode ser eliminado pelas vias usuais – assoar o nariz ou engolir. Depois, porque o vírus é “encapsulado” no revestimento viscoso do spray e fica impedido de ser absorvido pelo corpo. Além de reduzir a carga viral no corpo, há menos probabilidade de outra pessoa ser infectada por partículas virais ativas no caso de transmissão por meio de um espirro ou tosse.

“Embora nossos narizes filtrem 1 mil litros de ar todos os dias, não há muita proteção contra infecções, e a maioria dos vírus transportados pelo ar é transmitida pela passagem nasal”, explicou o coautor do trabalho, o professor Liam Grover. “O spray que formulamos oferece essa proteção, mas também pode impedir que o vírus seja transmitido de pessoa para pessoa”, continuou.

Aglomeração

A equipe de pesquisadores acredita que o spray pode ser particularmente útil em áreas onde a aglomeração é menos evitável, como aviões ou salas de aula. A aplicação regular do spray, segundo o time, pode reduzir significativamente a transmissão de doenças. “Produtos como esses não substituem as medidas existentes, como uso de máscara e lavagem das mãos, que continuarão a ser vitais para prevenir a propagação do vírus”, frisou Moakes. “O que este spray fará é adicionar uma segunda camada de proteção para prevenir e retardar a transmissão do vírus.”

A Universidade de Birmingham fica na segunda maior cidade do Reino Unido e que tem desenvolvimento industrial, localizada a 200 quilômetros a Noroeste de Londres. Se tornou famosa também pelo seu time de futebol. A Universidade está classificada entre as 100 melhores do mundo e conta com 6,5 mil estudantes internacionais de mais de 150 países.